“ Ansiedade, é quando faltam sempre muitos minutos para o que quer que seja”.
Talvez, não fizesse bem em comentar?
- Tu também, metes o teu nariz em tudo. – Reza uma voz, que costuma amparar-me.
Em tudo o que mexe! Em tudo o que existe! Em tudo o que sentes! – Repetiu, com maior ansiedade.
Olhei atentamente para dentro do meu eu.
A voz tornou, voltou à carga: - És doido ou fazes-te de doido!
Oh, meu Deus! Eu que me desfaço em lágrimas ansiosas em tudo o que faço.
As pessoas, que são pessoas, não deviam suportar, nem acarretar o fardo pesado do choro da ansiedade.
- Tu deves é ser e possuir a choradeira do teu pensamento? Por que não te calas, quando deves calar-te? – Insistiu a voz, vinda dos confins da consciência, do ermo distante das minhas ideias que eu desconheço.
Parei para pensar. Ao menos faço alguma coisa de jeito: Penso que penso! Já não é mau de todo.
As lágrimas escorrem-me com muita frequência. E, a ansiedade?
Confesso: Sou ansioso. Pronto, já disse.
- Burro é que tu és! – Ecoou a voz, nesta altura do desamparo, quando funciona sempre para me amparar.
Aquilo doía: A Ansiedade!
Resolvi abrir a cabeça para espreitar e me certificar de que ela, a ansiedade lá estava? Estava. Comodamente instalada no sofá da sala da minha cabeça.
Caramba. Tinham razão!
Pus a cabeça normal, ela que nunca o foi e, exclamei, peremptório:
- Sou ansioso! Nunca sei as coisas que me vão no eu. – É doença? Vou morrer? – Inquiri-me.
- Qual ansioso? Tu és, mas é, mesmo burro e só querias conflitos. – Insistiu a voz que me auxilia sempre.
Conformei-me.
- Afinal, vivo ansioso! Tinham razão! Sempre vivi ansioso, confesso.
Ansioso por esperar quem amo!
Ansioso por tentar viver!
Ansioso na doença de um filho que adoece!
Ansioso por chorar lágrimas de amizade verdadeiras, autênticas, sinceras!
Ansioso por me descobrir e descobrir os outros!
Em suma, ANSIOSO por ajudar e ajudar-me.
ANSIOSO por viver e compreender os mistérios de existir!
Sim! Sou ANSIOSO!
Completamente e por inteiro!
Sim! “Faltam sempre muitos minutos para o que quer que seja.”
Desculpem. Sim?
Pena Gil, 1 hora, vinte e cinco minutos e quarenta segundos duma noite ansiosa de Março/2007