Por que razões surgem sempre as construções das palavras e das frases a estas horas?
Não sei explicar! Não consigo explicar!
O silêncio absorve-me e consome-me. A pacatez das sombras fantasmagóricas dos objectos que me rodeiam e que vislumbro, abarcam-me, invadem-me o espírito.
Do aparelho da telefonia sai um som melodioso de um conjunto de sons aprazíveis que, por oferta de uma aluna minha, tem um valor desmedido, incalculável.
Tornou-se uma preciosidade, um tesouro que me auxilia e provoca bem-estar quando penso.
No meu pensamento aparecem várias silhuetas, vários rostos, que observo atentamente e que, se expandem sempre e constantemente, com um sorriso expresso e visível orientado para o que sou. Entranharam-se em mim.
Estão cá. Estão em mim. Bem presentes. Mimo-os porque me consolidam a existência.
A minha existência.
Deambulam-me ao acaso nas ideias e na mente, a estas horas tardias.
Por que aparecem assim? Não sei.
Apetecia-me ir à noite à escola. Ir à escola e ver se tudo está bem com elas.
Mas, o portão está fechado e não estão lá.
Devo abrir o portão por magia e verificar. Verificar bem!
Sei que são impulsos. Mas, preocupam-me, esses rostos inocentes que tudo merecem.
Olho-os com um certo cansaço. Talvez, também estejam cansadas estas silhuetas.
Estarão fartas, as silhuetas? Necessitarão de auxílio e compreensão?
A Educação que todos nos esforçamos por contemplá-las servirá para alguma coisa? Estarão dispostas a recebê-las? Elas que são educadas e ternas, tenho a certeza. Absoluta!
A Cidadania, a boa e autêntica Cidadania, escorre-lhes a jorros no pensamento. Na infantilidade. No acto de viver. Na forma como agem. Na forma como acatam tudo o que lhes dizem. Só querem ser felizes, mais nada.
São como são!
E, eu serei cúmplice. Serei atento. Estarei sempre presente. Na entrega. Na dedicação. No que poderei dar, mesmo que me transcenda. Mesmo que as possua no pensamento porque encantam.
Elas aceitarão? Aceitarão tudo o que posso e lhes quero dar?
Só um aspecto: Deixem-nas brincar. Deixem-nas serem alegres. Compreendam o sorriso que esboçam em tudo o que fazem. Compreendam o que lhes vai lá dentro. Compreendam o que sentem. Compreendam o que lhes vai na sua conduta de sinceridade, porque são sinceras.
Só me resta dizer mais uma coisa: Gosto de ser professor e estar próximo, bem próximo de tudo, bem próximo delas, mesmo que dê tudo. Dê tudo o que possuo na minha tentativa de convivência social que é para elas.
Só para elas!
Um Bem-haja por me aceitarem e aceitarem o que sou!
Como sou!
Nunca lhes esqueceria uma atitude! Um gesto! Uma simples palavra que fosse!
Guardá-las-ia como um tesouro!
Só para mim!
Nem que fosse para mais tarde recordar!
Pena, Um Professor Sonhador. Março. 2007