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Friday, April 20, 2007

Um Pensamento a tomar café


Um Pensamento a tomar café

Entro no café. A esta hora do dia repleto de rostos vazios que se entrechocam, sem conhecimento mútuo.
As alvas paredes aconchegam-me. Parecem abraçar-me. Parecem falar.
Já os olhares são distantes. Os gestos estereotipados. O pensamento longe dali.
Sento-me numa tosca mesa. O lugar está repleto. Gente que entra. Gente que sai.
É o ritual habitual de todos os dias.
As moscas vagueiam ao acaso poisando aqui e ali, insuportáveis, mas presentes.
Inevitavelmente presentes, mas querendo persistir na sua incómoda presença.
Peço um café com cortesia. O empregado recebe a notícia com indiferença. Vive a sua desconhecida vida. Não quer saber quem sou. E, eu estou lá. Aconchegado ao meu pensamento.
Mas, também não entro no jogo do desconhecido e prefiro que me ignore.
Estou vivo. Vivo porque Ele me deixa viver, Está de bem comigo e pelo que sou. Também não sou uma pessoa que O incomode na sua Grandiosidade.
Não sou dado a falas. Sou, apenas!
Há olhares de todos os géneros e feitios. Pessoas de vidas diferentes.
Sinto uma conversa aqui e outra ali. Várias conversas desinteressadas e que enterro em mim, por persistirem no ritual complexo da minha existência. Conversas sumidas no seio do Mundo Vivem no Mundo. Querem conquistar o Mundo. Persistem, na incompreensão do que são
Prefiro as moscas. Prefiro o que sentem. São dispensáveis, mas coexistem.
Aacredito na poesia. Nos instantes. Nos momentos. Nos actos.
Tudo divulga e se compadece com o meu pensamento que trago sempre comigo.
Este nunca me deixou ao acaso. Longínquo. Indiferente. Aqui e ali. Possuo-o. Nunca o abandono. Nunca o abandonaria, nem em sonhos. reais e irreais. Não é tudo!
Para mim, é uma arca de surprezas. Um baú paradisíaco. E, de vez em quando surpreende-me, por nunca me traír.
Não se consegue ouvir o bater cardíaco destes seres. Ausculto seres compostos. Descortino seres mais descompostos. Por certo, motivado por gostos e desgostos. Tudo os habita. Tudo os faz brilhar. Cintilar. Faíscar. Porque falam. Porque sentem! Porque amam!
Exigindo mais e mais. Dando vida à vida. Dando vida ao sonho da sua vida.
Surge-me a metralha do pensamento. Noites brancas. Sim! Compartilho-as comigo. São importantes para eu discernir. Para eu falar comigo. Para eu me sentir. Para eu criar o que cá me vai e o que vai nas pessoas que me dizem muito. Mesmo muito.
Amo as pessoas. Preciso delas, mesmo sem saber quem sou.
Sou um contador de histórias porque vivo contando histórias.
Sou um irremediável! Sem uma solução coerente que também não enxergo.
Por que conto as minhas histórias? Por que as conto só para mim?
Talvez, porque me chamem! Talvez porque me apelem! Talvez porque fazem parte do que sou!
Penso que o pensamento pode descansadamente tomar o seu café!
Digeri-lo com tranquilidade e sossego.
Penso que este meu sensível pensamento é capaz de o merecer.
É capaz de o merecer plenamente!
Poliedro. Abril.2007