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Monday, April 16, 2007

Injusta Vida de Crianças da Rua


Terça-feira, Janeiro 09, 2007

Injusta Vida de Crianças da Rua

As duas débeis silhuetas de pequenitas de pés nus, arranjando um colo para mais três irmãs, sabe-se lá como, suportavam a dor e a miséria, sentadas no chão do empedrado da rua, agora sem vivalma.

Haviam mendigado uma côdea de pão para enganar a fome, a si e, às irmãs mais novas, desamparadas e entregues ao acaso da vida.

Não teriam mais de treze anos de amargura!

Parece que as revejo, deambulando como uma chama ardente e incómoda no meu pensamento.

Eram mais umas crianças da rua, como outras o são, retratando a podridão da sociedade. A podridão da vida. A podridão do Mundo. A podridão dos que se sentam nas douradas e aconchegantes poltronas do poder, sem sentir ou compreender.

Só sentir neles. Só compreender neles.

Há tristeza no coração grande e na alma enorme delas, pobres pessoas pequenas, singelas e doces, que agora abrem os olhares para fora delas, porque de pessoas se tratam, embora pequenas.

Quanto mais sofredoras estas pessoas são por cresceram cedo demais, mais sonhos contêm nelas, enquanto sustentam o sorriso e a alegria de serem.

Entender o Mundo?

Quantos fantasmas inoportunos criados naquelas cabecitas puras e belas?Simples, mas malfadadas pela complexidade do destino reservado.

Crianças incómodas da rua…Todas elas haviam aparecido ao mundo, no desengano e no incoerente sentimento dum amor que existiu.

Na verdade, existiu!

Foi real e inequívoco, por ser intencionalmente existente!

Um amor entegre com ardor e necessidade à vida…Veio-me às ideias que a indiferença não habitava comigo e conheci uma história.Uma história real feita de sonhos ternos e infantis! Várias histórias que ensinam…Que marcam… Que merecem ser atentamente escutadas…Compreendidas…A sua história! A história delas!Como se torna fácil conhecer uma história de desencanto, de dores sofridas que lhes vão lá dentro, bem dentro delas, e falam, falam, falam…sem fim?

Sem sequer emitir um som para respirar alento nas palavras e alento para se dizerem perdidas.Totalmente perdidas, mas onde o rancor não surge!Eu conheci as suas histórias infortunadas e injustas porque elas as conheciam, quando não as deviam conhecer, porque não deviam ter acontecido com elas.

Com a vida delas!Absurdo de vida! – Pensei, desabafando comigo, meio incrédulo, meio trôpego, esfregando sôfrego e furiosamente as emoções mais impensadas, pela discórdia e revolta em me ter comprometido não aceitar as incongruências injustas escutadas, numa cantilena em voz desperta de crianças, que pareciam não ter fim.

Crianças da rua…!

Pai alcoólico…Mãe prostituta…

As voltas que o Mundo dá! Difíceis. Incontornáveis.

Irreversíveis.Crianças totalmente perdidas, mas onde o rancor não surge.

Belas! Ternas!

Conformadas com o destino! Um destino incerto.

Um destino que se vai tornar suado, duro!

Mas, saberão?

No seu íntimo, mas no seu mais profundo intimo, creio que saberão.

Só que fazem por se calar…por ignorar…por ocultar…Mas, sim, sabem-no!

Quase tenho a certeza!Injustiças…Ninguém foi o culpado!

Talvez, a vida… Quem sabe?

Crianças da rua…Como vos amo!Só sei contar histórias…

Só me resta contar a vossa desafortunada história…por ser Real!

Isso, jamais esquecerei ou conseguirei calar!

Amo-vos! Só sei isso!


By Poliedro, numa noite sem sono. Janeiro de 2007.