Estou enterrada nas palavras. Envolta nelas.
No seu império.
Fecho os olhos e sinto-as.
Tocam-me, acariciam-me.
Sinto-me embalada por elas.Umas dizem tudo, outras quase nada.
Algumas, como a Primavera, fazem rebentar árvores secas, são capazes de derreter o coração e o cérebro.
Outras como o Inverno, gelam e corroem.Há palávras virtuosas.
Outras que não entendo: bestialidade, calamidade.
Há palavras que são um bálsamo, poderoso catalizador de forças por descobrir.
Nas noites habitadas pela insónia ecoam palavras; parágrafos e parágrafos que encheriam os recantos do coração mais empedernido.
Não! Não são palavras minhas.
Não são palavras em vão.
São um mistério.
São um mistério que Tu na Tua infinita benevolência permitiste que existisse.
Permitiste que nós visse-mos.
Essa pessoa faz, com ideias simples, um verdadeiro espectáculo, de palavras plenas de sentido. Olhamo-las demoradamente e ficamos pasmados.
Se um dia, eu nem conseguir gaguejar, olha para os meus olhos.
Talvez eles consigam proferir as palavras que só Tu mereces ouvir.
Autora desconhecida por respeito e delicadeza. Abril.2007.