Decorridos 500 anos de sua morte, Leonardo da Vinci continua a ser a maior celebridade de todos os tempos na história da arte. Tipo raro de artista, de aguçada curiosidade e que trafegava por diversas áreas do conhecimento, ainda criança já mostrava talento para o desenho e a pintura. Nascido em 1452, em Vinci, uma pequena aldeia bem próxima a Florença, Leonardo era o filho ilegítimo de uma camponesa chamada Caterina com o rico tabelião florentino Piero. Por falta de sobrenome paterno, Da Vinci (algo como "da cidade de Vinci") celebrizou para sempre o local onde nasceu e cresceu.
Aos 16 anos tornou-se aprendiz do escultor, pintor e ourives Andrea de Verrocchio, seu primeiro mestre. Pouco tempo depois, com apenas 20 anos de idade, ingressou na Corporação dos Pintores de Florença. Passou então a gozar de certa independência artística, atendendo a encomendas e se relacionando com homens que, sem se dar conta, estavam moldando o pensamento renascentista através de seus estudos em matemática, física, astronomia, engenharia, artes e ciências.
Ao trafegar nesse mundo de intelectuais e artistas, Leonardo estabelecia relações e ampliava sua gama de interesses. Florença era então um local de efervescência cultural e fluxo crescente de riquezas, por causa do crescimento das navegações e do comércio com o Oriente. Da Vinci, porém, era pouco requisitado pelos mecenas locais --o artista tinha fama de não entregar suas encomendas-- e, desde que deixara a oficina de Verrocchio, havia realizado poucas pinturas.
Por volta de 1482, mudou-se para Milão e passou a trabalhar para o duque Ludovico Sforza. Ali, além de pintar, Leonardo realizava também, e não sem um certo prazer, trabalhos de engenharia para o duque. É na parede do refeitório do convento de Santa Maria delle Grazie, também em Milão, que se encontra "A Última Ceia", célebre representação do encontro final de Jesus com seus apóstolos.
Da Vinci ainda voltaria a morar em Florença, após um breve período em Veneza, e retornaria a Milão, em 1506. De 1513 a 1516 viveu em Roma, onde fez contato com Michelangelo e Rafael. Finalmente mudou-se para a França, passando a viver em um château perto da cidade de Cloux, onde permaneceu até o fim da vida, em 1519.
Estima-se que o artista tenha deixado mais de 13 mil páginas de anotações, das quais hoje restam cerca de 6 mil, abrangendo estudos de anatomia (entre eles o famoso "Homem Vitruviano", com proporções perfeitas seguindo um ideal romano de beleza), ciências, filosofia, engenharia, projetos de máquinas e armas, estudos de botânica, esboços de quadros e desenhos arquitetônicos e urbanísticos, além das pinturas (das quais apenas 17 chegaram aos dias de hoje) e esculturas (nenhuma de autoria indiscutível).