Wednesday, November 01, 2006
A Grande Odisseia de Vida dos Livros
A Grande Odisseia de Vida dos Livros
Porquê, agora, os livros? Não! Não tenho muitos porque gostaria de ter mais.Só por essa razão! Muitos mais! São companheiros de uma vida! Os livros preenchem um espaço precioso nas paredes do cubículo da casa que lhes reservei para habitar. Adoro-os, pois, costumo contemplar sumidamente a sua enorme auto-estima, que vivificam a cada instante da sua perpétua existência que é real. Aí, estão salvaguardados e podem sossegar. Alertei-os para que falassem comigo quando lhes surgisse o apetite de desabafar. Vivem como bons vizinhos lado a lado, encostados uns aos outros e solidários entre si. Estão acomodados, sabendo que me preocupo com o seu bem-estar. Sinto em mim a sensação que os incomodo demais. Deviam dormir mais, descansar! Pressinto-os, sussurrando confidências baixinho, não querendo incomodar-me, nem perturbar as minhas opções. São cúmplices nas minhas opções e respeitam-se mutuamente.Não! Não são egoístas, apesar de ostentarem uma pequena inveja, muito pequena, quando não são relidos ou habitam esquecidos, apesar de privilegiados porque não os folhei-o rapidamente ou à pressa, tornando o seu valor e a sua presença nada passageira no meu pensamento, pois, a cada instante são manuseados com um fervor intenso. Desmedido, por vezes e, até, exagerado. Os sonhos geram sonhos. Os momentos, momentos inesquecíveis. As horas na sua companhia, a magia do saber através das narrativas que os preenchem e me preenchem. Nunca me zango com eles. Com as pessoas acontece, mas com eles nunca! Jamais o faria! Deleito-me só de os olhar, de os ver perto de mim. Aprecio o que me contam. Tenho-lhes amor. Tenho-lhes dedicação e a sua bonomia entra-me profundamente e auxilia-me nas reflexões e ideias que transporto comigo para todo o lado. Daí a cumplicidade com eles e com as narrativas incríveis que eles me contam e, só eles, o conseguem, na magia com que falam, contando o que lhes vai lá dentro. No seu interior, rico, precioso e que me abrange e conquista, plenamente! Nunca estão muito tempo parados porque habitam carinhosamente no meu pensamento. Até quando? Eternamente! É um ponto assente, podem crer. Enquanto eu existir, eles existem em mim. Foi uma decisão que tomei, já lá vai uma vida, uma existência e os fez felizes e a mim também. Tento acreditar que é assim porque existe um relacionamento de respeito entre nós, como tudo devia ser entre as pessoas, mas não é. Sabem disso, não sabem? Filhos são filhos que amo ternamente, indispensavelmente. A eles, creio que os adoptei. Solidário e encantado por serem assim. A cada passo, passo o olhar por eles com orgulho porque são meus e me enternecem. Transformam a realidade em histórias, aventuras, mistérios e a vida inteira em sonhos surpreendentes e inesquecíveis. Relembro-os constantemente! Ninguémos cala ou consegue calar, daí a surpresa e o encanto que constituem e expandem por todo o lado. Permanecem no seu canto, prontos a intervir e a deliciar. Porque são deliciosos, gosta-se da sua maneira de ser silenciosa, da sua presença sempre oportuna e discreta. Não dão trabalho nenhum, na sua apresentação, na sua postura, no lugar onde habitam. Merecem destaque, por aí adiante, em tudo o que é lado. Em tudo o que humanamente mexe e pensa!Acreditem que possui-los é bom! Imensamente bom! Requintado! Único! Quando um dia, Ele me chamar para ir para o pé dele, tenho que Lhe impor uma condição: Levá-los comigo! E tenho a plena certeza que eles me acompanharão porque irão agarrados, bem junto de mim, bem aconchegados no meu colo. De encontro ao peito. Isto bastará para eu descansar eternamente, pelo amor que lhes dediquei e o respeito e a admiração que por eles nutri. Isto bastará para justificar uma vida inteira! Para justificar a vida deles e a minha! E, então, bastar-me-á sorrir, encantado e deslumbrado! A dependência salutar e recíproca valeu a pena! Totalmente, podem crer! Não consigo emitir um único som de desalento ou de arrependimento. Foi a viagem longa de uma vida! Levá-los-ei! Está decidido! Ele, por certo concordará! Se não convencê-Lo-ei com todo o fervor que neles aprendi. E, então, poderei finalmente descansar. Descansar de forma feliz, enternecido e eternamente!