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Thursday, September 13, 2007

A minha companheira Ansiedade!


Estou a ler um livro. Fala carinhosamente da ansiedade. Vivo na ansiedade. Constato ansiedade em mim. Comento encantado como sou ansioso.
Talvez, não fizesse bem em comentar?
- Porque sobrevives dos teus comentários? – Reza uma voz, que costuma amparar-me.
Em tudo o que mexe! Em tudo o que existe! Em tudo o que sentes! – Repetiu, com maior ansiedade.
Olhei atentamente para dentro do meu eu.
A voz tornou, voltou à carga: - Porque comentas tudo, mas tudo o que existe em ti com ansiedade de o fazer! Por jorrar da tua Alma incessantemente de maneira infinita.
Oh, meu Deus! Eu que me desfaço em lágrimas ansiosas em tudo o que faço.
As pessoas, que são pessoas, não deviam suportar, nem acarretar o fardo pesado do choro da ansiedade. Não a merecem. Porque são belas. Esplendorosas. Ternas e meigas.
- Tu deves é ser e conter as lágrimas sentidas do teu pensamento? Silencia-te um pouco pela inconveniência de te expressar, pelo que deves quase sempre calar-te. – Insistiu a voz, vinda dos confins da consciência, do ermo distante das minhas ideias que eu desconheço.
Sei que falo muito pouco, mas não me condenem, por favor, vivo calado.
Parei para pensar. Ao menos faço alguma coisa de jeito: Penso que penso! Já não é mau de todo.
As lágrimas escorrem-me com muita frequência. E, a ansiedade?
Confesso: Sou ansioso. Pronto, já disse.
- Vive e sê menos ansioso, sê o que tu és! – Ecoou a voz, nesta altura do desamparo, quando funciona sempre para me amparar.
Aquilo doía nas ideias: A pura ansiedade de mim!
Resolvi abrir a cabeça para espreitar e me certificar de que ela, a ansiedade lá estava? Estava. Comodamente instalada no “sofá da sala” situado na minha cabeça que julgo pensante. Sim! Vejam só isto?
Caramba. Tinham razão!
Pus a cabeça normal, aparentando mais o que sou e, exclamei, peremptório:
- Sou ansioso! Nunca sei as coisas que me vão no meu eu. Que saltam de mim. Que fazem estragos em mim.– Será doença? Será que vou morrer? – Inquiri-me pensativo e aflito de tanto sonhar. E, um sonhar, ansioso.
- Qual cérebro? És, mas és, mesmo incoerentemente ansioso e incoerente nos propósitos que geram conflitos. – Insistiu a voz que me auxilia sempre. A minha voz anjo-da-guarda.
Conformei-me.
- Afinal, vivo de ansiedade! Tinham razão! Sempre vivi ansioso, confesso. - fiz por pensar com o meu eu.
Debati-me com ela, com a ansiedade, como numa guerra onde vence o mais robusto e corajoso lutador. Julgo que sai derrotado do confronto. Venceu a ansiedade por KO técnico inevitável. Era mais evidente e sóbria!
Está bem, mas...
Sou!
Sou ansioso por esperar quem amo!
Ansioso por tentar viver!
Ansioso na doença de um filho que adoece!
Ansioso por chorar lágrimas de amizade verdadeiras, autênticas, sinceras!
Ansioso por me tentar descobrir e tentar descobrir os outros!
Em suma, ANSIOSO na tentativa de auxiliar e, tentar auxiliar-me.
ANSIOSO por tentar viver e tentar compreender os mistérios de existir!
Sim! Sou ANSIOSO!
Completamente e por inteiro!
Tenho um desmedido orgulho na minha conduta de ansiedade. Por ser o que sou. Modesto,mas podendo viver livremente como desejo.
Sim! “Faltam sempre muitos minutos para o que quer que seja.”
Desculpem. Sim?
Desculpem-me quando comento e não comento.
E, tudo isto, porque sou muito Ansioso e moro na ansiedade de mim.
Descobri que, talvez, não seja tão mal fazê-lo, mesmo com ansiedade.
É que sou e sou assim!


Pena.Setembro.2007