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Campanha do Agasalho 2009

Thursday, May 31, 2007

Prometo-te!



Prometo-te!
Caí no mais profundo silêncio esquecido de mim. Esqueci-me.
Olho. Olho de novo. Atentamente.
Mas, não enxergo. Não consigo discernir ou encaminhar o olhar.
Invade-me uma sensação, uma comoção, que não consigo justificar por ser incapaz de suster.
O Pensamento baila. Dança. Não se me ausenta. Está presente no pensamento porque o sinto.
Consigo remexê-lo, a custo. Como um fardo belo de desejar. Só sentir por ser encantador. Está aqui. Gelado. Imensamente gelado. Trémulo. Porque me abala e me provoca uma sensação de gelo e de tremura. Por comportar meiguica. Ternura. Deslumbre.
Este olhar faz parte do que sou. É minha propriedade. Comprei-o muito caro. Chora. Esconde um segredo, o olhar.
Quando me sinto chorar não explico. Por quê explicar? O choro tem sempre, por si só, uma visível explicação.
Quando uma ténue alegria me invade, também não explico. A alegria, mesmo ténue, explica-se por si só. Transcrevo puras verdades, apesar de sentir não ser oportuno dizê-las.
Estas coisas sem sentido que digo transcendem-me e transcendem este meu olhar.
Por não ver. Por não enxergar muito bem. Por encobrir o meu existir. Por encobrir uma razão existencial para ela. Mesmo que não fosse, era.
Somente sei, que este meu olhar, que é meu, acredita. Será que acredita?
Acredita porque vive constantemente no heterónimo presente em mim. É fiável, apesar de misterioso e secreto. Fechado com trancas de ouro! Bem fechado.
E, eu não saio daqui.
Estou tão bem aqui.
Prometo-te!
Pena. "Prometo-te". Maio.2007