Tuesday, May 22, 2007
Convivência com Crianças "Diferentes"
Convivência com Crianças "Diferentes"
No dia seguinte, à minha visita a casa da mãe de Dylan, fustigou-me uma imensidão de pensamentos confusos quando entrei no meu apartamento em Telma.
O trabalho com Seres Humanos na infância com patologias evidenciadas e comprovadas sempre me havia aliciado.
Leccionava Artes e, isso, proporcionava-me tempo e oportunidade para conhecer bem as crianças, o meio onde se encontravam inseridos, os seus ambientes familiares, as suas carências a todos os níveis, bem como as necessidades de aprendizagem mais notórias e manifestas.
No entanto, sempre existira em mim a preocupação em informar-me atenta e eficazmente na melhor forma de actuar, preservando o universo físico e mental dos alunos, intocáveis. Na minha cabeça pairavam inúmeras dúvidas.
Imensas dúvidas. Restavam-me a motivação e o interesse em auxiliar no que pudesse e no que estivesse ao meu alcance.
Acerquei-me do computador e da Internet e cliquei o site Google.
Rebusquei o que tinha entremãos.
Surgiu-me "Uma Perspectiva Empírica sobre o Autismo no Sistema Regular de Ensino.
Tratava-se de uma tese.
Percorri o monitor com os olhos, tentando seleccionar o que me interessava.
Surgiu-me, após uma curta busca, o prefácio do trabalho que me abalou, pela beleza e pureza manifestada pelo desabafo de uma mãe dirigido a uma criança deficiente. Dirigido à própria existência humana.
Dizia, a dado passo: “ ... Em que parte do mundo poderíamos ter aprendido estas coisas nos livros- coisas que têm a haver com o sentido profundo da vida. Com quem poderíamos ter aprendido tanto, senão com quem sabe tão pouco?”.
Perante esta afirmação pude constatar as profundas preocupações sentidas pelos professores e pais ao lidar com estas situações tão delicadas, mas reais, visíveis.
O direito à felicidade e a uma qualidade de vida contemplam toda a gente, sem excepção. Sempre pensei isto. Penso de antemão que todos queremos o melhor para os nossos alunos.
Por vezes, um acto impensado pode ferir a susceptibilidade deles para sempre. A aprendizagem só poderá acontecer se se estabelecer uma firme e convicta empatia com as crianças que fazem parte do nosso mundo, de um mundo onde sejam bem perceptíveis, fundamentalmente a amizade, a compreensão e o respeito.
É "descer" um pouco à realidade infantil!
E, eu penso, que é fácil fazer isto. Muito fácil para compreender a complexidade que já vivemos em nós, agora adultos!
Poliedro. Maio de 2006"Já há bastante tempo".