Quando entrei, de novo, no estranho Hospital acompanhado da minha amada, olheidemoradamente à minha volta. Perscrutei tudo o que me rodeava, auscultandointrospectivamente se tudo estava normal e, se nenhuma situação insólita ouesquisita não reinavam naquele dia, resplandecente aos meus olhos. Eradecisivo para mim e para ela! Suspirei de alívio! Não vi anzóis, arpões oulimpa pára - brisas à vista ou em conversas. Sosseguei, um pouco mais, euque me enervo facilmente. Já era razoável ao meu exigente pensamento. Não!Não pensem que me esqueci do nosso chefe, Sr. Professor e Sr. Coordenador e,muito estimado e respeitado, Seixas. Imaginei logo o nosso valoroso Sr.Professor, entretido a compor e a medir rigorosamente o segmento de recta dobloco operatório, protestando por não o chamarem logo nesse arranjo, peritocomo era em segmentos de recta. Pensei, que ele tinha razão! Um chefe temsempre razão, mesmo que ninguém concorde! Pensei também, que os seusprotestos e a sua indignação tinham todo o meu aplauso. Nem todos têm rigorno traço! Se ele era perito, deveriam tê-lo chamado de imediato! As pessoastêm todo o valor em alguma coisa e, por isso, o seu talento deveria sermostrado e elogiado de imediato e prontamente. Mais uma vez, o nosso chefetivera toda a razão. Ainda, não sei se preencheu o livro de reclamações doestranho Hospital ou não. Por certo, não deve existir, senão deveriausá-lo, que é para estes casos que ele serve. Pelo menos terá sempre o meuapoio. Penso que deve bastar o meu apoio porque ele também me apoiaria, se eufosse bom em segmentos de recta como ele. Infelizmente, não sou! Mas, deixemoso prezado Sr. Professor e Chefe e os segmentos de recta em que é perito em PAZ.Não o vi e, isso, é que interessa para o meu bem-estar, eu que sou muitocomplicado. Olhei de novo. Senti um arrepio pensando que vira a diligente senhora dacadeira de rodas e que me ameaçara com umas chineladas em sua casa, se eufosse marido dela, por eu não querer largar a sopa e ter chegado ligeiramenteatrasado. Tremi e arregalei bem os olhos. Não! Não era ela. Esqueço-mesempre dos óculos, eles que me fazem tanta falta e, torna-se necessárioforçar um pouco a vista, para descortinar alguém que conheço. Não temi aschineladas, mas fiquei muito mais aliviado por não ser ela, podem crer! Nãoque lhe quisesse mal, pois era a sua profissão, mas era melhor assim, paraevitar complicações de novo. Até podia estar mal disposta e sabe-se lá noque lhe daria para fazer? Ponto Final, estava mais descansado! E, é tudo! Entretido nestas divagações, apurei o meu turvo olhar e constatei um facto:todos os doentes tinham um envelope junto deles! A minha amada também tinhaum, mas nunca espreitei lá para dentro, confesso. Era dela! E só dela! Odeles era só deles! Respeitei-os, apesar desta constatação não merecer quealguém ma explicasse. Achei curioso. Só isso! Este envelope merecerá semprea minha consideração. Estou a falar-vos sinceramente! Quero... Exijo quecompreendam, porque estou a falar mesmo de verdade! É apenas curioso! Sóisso! Nada mais! Após, conversar com a jovem e esbelta menina do balcão, sentamo-nos.Parecera-me ser uma adolescente sem problemas de qualquer índole e nãocarecer de falta de identidade, próprias da idade. Por certo, o complexo deÉdipo, já teria sido ultrapassado com sucesso. Parecera-me normal, em suma.Simpática e atenciosa! Não lhe perguntei se estava informada sobre asprotecções de carácter sexual que devia ter, pois, ela estava a atravessaresta fase algo complicada da vida, porque não quis incomodar, mas pressagioque sim. Devia estar informada e bem informada! O porquê? Não sei! Sempre meinteressei pelos problemas da adolescência e tudo era de esperar ali, masesforcei-me e não disse nada. Poderia ser inconveniente, mas algo me sopravapara que conversasse com ela. Eu ficaria mais descansado! Não nos podemosesquecer que era jovem? Resolvi-me calar, seguindo os conselhos simpáticos daminha amada. Ela havia-me dito, que se fosse possível não abrisse ali a boca,apesar de poder encontrar alguma coisa fora do normal. E eu, custosamente anuíe permaneci calado, mas entregue aos meus pensamentos, porque sinto necessidadede pensar. Sinto necessidade de pensar, por mais esquisitos e absurdos estespensamentos sejam! Ela sabe e foi por isso que me mandou não abrir a boca.Disse-me pacientemente que, quando saíssemos, teria uma surpresa e aí jápoderia dizer tudo o que me viesse à cabeça, habituada que já estava. Eucompreendi, mas tive pena de não esclarecer e informar a jovem sobre osproblemas que poderia ter. Afinal, eu era um Educador! E, os Educadores educam.Que dissessem alguma coisa deste género ao Sr. Coordenador Seixas. Aí deles!Nem vale a pena explicar o que aconteceria! Ele, era um Educador e dos bons!Ele, de boca fechada? Nem pensar! Competência e a atitude de educar são comele. Ou pensam que percebe só de segmentos de recta? Nem pensar. Isto é comele, bom como é. Outro dia até me confessou que iria escrever um romance deamor! Fiquei estarrecido, porque ele também tem bom coração. Só queninguém vê? Ele explicaria tudo à jovem. E com desenvoltura! Tenho a plenacerteza. É pena não aproveitarem este talentoso rapaz !- É o que eu penso! Como já dissera ou se não o disse, digo agora, a tentação da sopa poderiaesperar por agora. É certo que me acalmaria, mas resolvi esperar, paraacompanhar a minha amada na evolução dos acontecimentos, naquele estranhoHospital. E, já sentia um vazio manifesto no meu estômago. Mas, prometi-lhe eera para cumprir. Não que ela não compreendesse ou se importasse. Mas, resolviesperar, só um pouco mais! Também não tinha nada que fazer! Olhei tudo, de novo. Estava imensa gente. Sentados nas suas cadeiras,sussurrando uns com os outros de forma bem audível os seus pensamentos. Apurei que a sala estava cheia. Nunca compreendi a razão porque aqueleHospital estava sempre cheio, esquisito como era. Ouviam atentamente osaltifalantes mal colocados, que os chamariam não sei para quê. Lá estava eu,ao pé da minha amada, também ouvindo o momento de escutar o seu nome.Explicou-me, pausadamente, que não havia necessidade de ir com ela lá dentro.Ela exploraria, sozinha, aquele local. Só teria de guardar a sua gabardina.Compreendi que tinha imenso gosto naquela gabardina! Tinha uma espécie de amorpela gabardina, incompreensível, porque eu estava ali e tinha - a conhecidoprimeiro. Lá teria as suas razões! Eu assenti e disse-lhe, que a defenderiaaté à morte, aquela gabardina e a sua espécie de amor por ela! Que tivesseum envelope, se calhar com a planificação das aulas para os alunos na suaescola, era compreensível, mas deixar-me entregue a uma gabardina, nãoentendi lá muito bem. Se calhar, era a expressão da sua total confiançadepositada em mim. Estava a matutar um pouco sobre aquilo, quando ouvi o seunome no altifalante, mal posicionado. Deu-me um beijo, que retribui.Levantou-se e dirigiu-se à porta malfadada, donde eu a vira sair da outra vez,arpoada. Resolvi ir fumar um cigarro, mas agarrado à gabardina. Eu deveriadefender a gabardina até à morte! Para lá disso era agradável ao olhar eaté poderia vesti-la na sua ausência. Não! Penso que não, era dela! Sódela! Quando regressei, via-se sair com um sorriso plantado na boca, emanandosatisfação. Tudo havia decorrido muito bem e estava boa de saúde. Nada nelafora detectado de anormal. Estava de perfeita saúde! Entreguei-lhe a gabardinae beijei-a várias vezes, com ternura e carinho. Sorri para toda a gente que aliestava, solidário com todos eles e esperançado na cura dos seus malesrapidamente. Sorri virtualmente e, como se estivessem perto de mim, para todosos que me incentivaram a descrever um pouco a minha angústia vivida quase háum ano, com a minha esposa. Agradeci a todos os que me apoiaram. Agradeci aEle. Agradeci ao amor que nutro pela minha esposa e ela por mim. Enfim, a todasas pessoas do Mundo que conseguiram ultrapassar as suas doenças, com força devontade e querer. Acima de tudo, agradeço a todos os profissionais de saúde,pela dedicação e amor que nutrem pelos seus doentes e tudo fazem paracombater os seus males. No fim de tudo, resta dizer que fui comer a sopa, que mais uma vez me acalmou. A minha amada acompanhou-me e, ambos sorrimos, pelo amor mútuo que sentimos umpelo outro. Indissolúvel e inequívoco!
Saturday, October 28, 2006
Uma Espera Feita De Amor (II)
Uma Espera Feita De Amor (II)
Quando entrei, de novo, no estranho Hospital acompanhado da minha amada, olheidemoradamente à minha volta. Perscrutei tudo o que me rodeava, auscultandointrospectivamente se tudo estava normal e, se nenhuma situação insólita ouesquisita não reinavam naquele dia, resplandecente aos meus olhos. Eradecisivo para mim e para ela! Suspirei de alívio! Não vi anzóis, arpões oulimpa pára - brisas à vista ou em conversas. Sosseguei, um pouco mais, euque me enervo facilmente. Já era razoável ao meu exigente pensamento. Não!Não pensem que me esqueci do nosso chefe, Sr. Professor e Sr. Coordenador e,muito estimado e respeitado, Seixas. Imaginei logo o nosso valoroso Sr.Professor, entretido a compor e a medir rigorosamente o segmento de recta dobloco operatório, protestando por não o chamarem logo nesse arranjo, peritocomo era em segmentos de recta. Pensei, que ele tinha razão! Um chefe temsempre razão, mesmo que ninguém concorde! Pensei também, que os seusprotestos e a sua indignação tinham todo o meu aplauso. Nem todos têm rigorno traço! Se ele era perito, deveriam tê-lo chamado de imediato! As pessoastêm todo o valor em alguma coisa e, por isso, o seu talento deveria sermostrado e elogiado de imediato e prontamente. Mais uma vez, o nosso chefetivera toda a razão. Ainda, não sei se preencheu o livro de reclamações doestranho Hospital ou não. Por certo, não deve existir, senão deveriausá-lo, que é para estes casos que ele serve. Pelo menos terá sempre o meuapoio. Penso que deve bastar o meu apoio porque ele também me apoiaria, se eufosse bom em segmentos de recta como ele. Infelizmente, não sou! Mas, deixemoso prezado Sr. Professor e Chefe e os segmentos de recta em que é perito em PAZ.Não o vi e, isso, é que interessa para o meu bem-estar, eu que sou muitocomplicado. Olhei de novo. Senti um arrepio pensando que vira a diligente senhora dacadeira de rodas e que me ameaçara com umas chineladas em sua casa, se eufosse marido dela, por eu não querer largar a sopa e ter chegado ligeiramenteatrasado. Tremi e arregalei bem os olhos. Não! Não era ela. Esqueço-mesempre dos óculos, eles que me fazem tanta falta e, torna-se necessárioforçar um pouco a vista, para descortinar alguém que conheço. Não temi aschineladas, mas fiquei muito mais aliviado por não ser ela, podem crer! Nãoque lhe quisesse mal, pois era a sua profissão, mas era melhor assim, paraevitar complicações de novo. Até podia estar mal disposta e sabe-se lá noque lhe daria para fazer? Ponto Final, estava mais descansado! E, é tudo! Entretido nestas divagações, apurei o meu turvo olhar e constatei um facto:todos os doentes tinham um envelope junto deles! A minha amada também tinhaum, mas nunca espreitei lá para dentro, confesso. Era dela! E só dela! Odeles era só deles! Respeitei-os, apesar desta constatação não merecer quealguém ma explicasse. Achei curioso. Só isso! Este envelope merecerá semprea minha consideração. Estou a falar-vos sinceramente! Quero... Exijo quecompreendam, porque estou a falar mesmo de verdade! É apenas curioso! Sóisso! Nada mais! Após, conversar com a jovem e esbelta menina do balcão, sentamo-nos.Parecera-me ser uma adolescente sem problemas de qualquer índole e nãocarecer de falta de identidade, próprias da idade. Por certo, o complexo deÉdipo, já teria sido ultrapassado com sucesso. Parecera-me normal, em suma.Simpática e atenciosa! Não lhe perguntei se estava informada sobre asprotecções de carácter sexual que devia ter, pois, ela estava a atravessaresta fase algo complicada da vida, porque não quis incomodar, mas pressagioque sim. Devia estar informada e bem informada! O porquê? Não sei! Sempre meinteressei pelos problemas da adolescência e tudo era de esperar ali, masesforcei-me e não disse nada. Poderia ser inconveniente, mas algo me sopravapara que conversasse com ela. Eu ficaria mais descansado! Não nos podemosesquecer que era jovem? Resolvi-me calar, seguindo os conselhos simpáticos daminha amada. Ela havia-me dito, que se fosse possível não abrisse ali a boca,apesar de poder encontrar alguma coisa fora do normal. E eu, custosamente anuíe permaneci calado, mas entregue aos meus pensamentos, porque sinto necessidadede pensar. Sinto necessidade de pensar, por mais esquisitos e absurdos estespensamentos sejam! Ela sabe e foi por isso que me mandou não abrir a boca.Disse-me pacientemente que, quando saíssemos, teria uma surpresa e aí jápoderia dizer tudo o que me viesse à cabeça, habituada que já estava. Eucompreendi, mas tive pena de não esclarecer e informar a jovem sobre osproblemas que poderia ter. Afinal, eu era um Educador! E, os Educadores educam.Que dissessem alguma coisa deste género ao Sr. Coordenador Seixas. Aí deles!Nem vale a pena explicar o que aconteceria! Ele, era um Educador e dos bons!Ele, de boca fechada? Nem pensar! Competência e a atitude de educar são comele. Ou pensam que percebe só de segmentos de recta? Nem pensar. Isto é comele, bom como é. Outro dia até me confessou que iria escrever um romance deamor! Fiquei estarrecido, porque ele também tem bom coração. Só queninguém vê? Ele explicaria tudo à jovem. E com desenvoltura! Tenho a plenacerteza. É pena não aproveitarem este talentoso rapaz !- É o que eu penso! Como já dissera ou se não o disse, digo agora, a tentação da sopa poderiaesperar por agora. É certo que me acalmaria, mas resolvi esperar, paraacompanhar a minha amada na evolução dos acontecimentos, naquele estranhoHospital. E, já sentia um vazio manifesto no meu estômago. Mas, prometi-lhe eera para cumprir. Não que ela não compreendesse ou se importasse. Mas, resolviesperar, só um pouco mais! Também não tinha nada que fazer! Olhei tudo, de novo. Estava imensa gente. Sentados nas suas cadeiras,sussurrando uns com os outros de forma bem audível os seus pensamentos. Apurei que a sala estava cheia. Nunca compreendi a razão porque aqueleHospital estava sempre cheio, esquisito como era. Ouviam atentamente osaltifalantes mal colocados, que os chamariam não sei para quê. Lá estava eu,ao pé da minha amada, também ouvindo o momento de escutar o seu nome.Explicou-me, pausadamente, que não havia necessidade de ir com ela lá dentro.Ela exploraria, sozinha, aquele local. Só teria de guardar a sua gabardina.Compreendi que tinha imenso gosto naquela gabardina! Tinha uma espécie de amorpela gabardina, incompreensível, porque eu estava ali e tinha - a conhecidoprimeiro. Lá teria as suas razões! Eu assenti e disse-lhe, que a defenderiaaté à morte, aquela gabardina e a sua espécie de amor por ela! Que tivesseum envelope, se calhar com a planificação das aulas para os alunos na suaescola, era compreensível, mas deixar-me entregue a uma gabardina, nãoentendi lá muito bem. Se calhar, era a expressão da sua total confiançadepositada em mim. Estava a matutar um pouco sobre aquilo, quando ouvi o seunome no altifalante, mal posicionado. Deu-me um beijo, que retribui.Levantou-se e dirigiu-se à porta malfadada, donde eu a vira sair da outra vez,arpoada. Resolvi ir fumar um cigarro, mas agarrado à gabardina. Eu deveriadefender a gabardina até à morte! Para lá disso era agradável ao olhar eaté poderia vesti-la na sua ausência. Não! Penso que não, era dela! Sódela! Quando regressei, via-se sair com um sorriso plantado na boca, emanandosatisfação. Tudo havia decorrido muito bem e estava boa de saúde. Nada nelafora detectado de anormal. Estava de perfeita saúde! Entreguei-lhe a gabardinae beijei-a várias vezes, com ternura e carinho. Sorri para toda a gente que aliestava, solidário com todos eles e esperançado na cura dos seus malesrapidamente. Sorri virtualmente e, como se estivessem perto de mim, para todosos que me incentivaram a descrever um pouco a minha angústia vivida quase háum ano, com a minha esposa. Agradeci a todos os que me apoiaram. Agradeci aEle. Agradeci ao amor que nutro pela minha esposa e ela por mim. Enfim, a todasas pessoas do Mundo que conseguiram ultrapassar as suas doenças, com força devontade e querer. Acima de tudo, agradeço a todos os profissionais de saúde,pela dedicação e amor que nutrem pelos seus doentes e tudo fazem paracombater os seus males. No fim de tudo, resta dizer que fui comer a sopa, que mais uma vez me acalmou. A minha amada acompanhou-me e, ambos sorrimos, pelo amor mútuo que sentimos umpelo outro. Indissolúvel e inequívoco!