Hoje, levantei-me muito cedo. Todos dormiam ainda.
Olhei demoradamente para os anos que decorreram atrás.
Olhei através da ampla vidraça da janela da vida que me separa do Mundo e deliciei-me.
“Les Fleurs du Mal” de Beaudelaire. Sim ! O poeta maldito, mas que expressava poemas de revolta com a seriedade que lhe vinha e fazia pensar, bem no seu interior fantástico.
Tínhamos tempo para fazer tudo que não tivesse sido já feito.
Os homens e mulheres apostavam na música. “The Beatles” apenas pelo impacto na música rock. Uma referência para os grupos que lhe seguiriam.
Não! Éramos muito responsáveis. A controversa atitude. Parávamos e pensávamos. A vida era feita para isso.
Woodstock e o nudismo. A música. A inglória Guerra do Vietnam!
A Ditadura vingava na ideologia incaracterística.Sem sabermos claramente do que se tratava. Gritávamos sem saber o impacto contra o Fascismo existente sorrindo ao Mundo na nossa doce injenuidade.
Dançávamos com tudo isto ao lado, numa atitude brilhante. De dignidade. De afirmação de um carácter. De defesa de valores e princípios sérios. Incontestavelmente bons.
Lá estavam os homens e mulheres/jovens de um querer imenso. Pleno na afirmação.
Plenos na significação útil que pensava.
Que abria as portas e janelas do seu Mundo, direccionado ao Mundo.
Tempos que jamais esqueço ou esquecerei.
Fizeram instantes únicos. Ímpares de alegria. Instalaram-se em mim. No que sou. Que incontestavelmente vivi e amei.
Com o orgulho de ter feito o que fiz. Recordo-a, a vida.
Permanece e permanecerá sempre nas memórias de um tempo inesquecível.
Era uma Geração de ouro. Orgulho-me dela. De fazer parte dela.
De viver e sonhar com ela.
Jamais deixará de ser a minha encantada geração.
Ao recordar, sinto-a. Gosto dela. Abraço-a ternamente.
Era bela. Perfeita!