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Campanha do Agasalho 2009

Thursday, March 27, 2008

Tive Sorte. Estavam À Minha Espera...!!!



Tenho imenso receio de aborrecer as pessoas. Expresso coisas, situações demasiado pessoais. Deveria guardá-las sigilosamente no seio familiar. São relíquias. Tesouros. Preciosidades que só a mim e a eles pertencem.
No entanto, penso, que ao divulgá-las, ganho mais que perco. Sou assim.
Ainda mais, um ou outro pormenor que transmito, surgem porque os consulto. Respondem-me prontamente num aceno de amparo e afago.
Por norma não viajo muito, mas quando o faço é com total entrega. Aos meus e aos locais escolhidos. Talvez, aos locais sonhados. Já descritos até ao mais fundo dos livros que me apaixonam. Nesse aspecto, confesso, sou exigente. Demasiado!
Paris. Dezembro.2007. Por altura do Natal.
É noite. Circulamos pelas imensas vielas da aprazível recanto que é o Quartier Latin.
Haviamos percorrido a passo decidido o imenso trajecto através de Boulevards, rues, vielas ao longo do Sena. Considero-o um precioso auxiliar na ajuda e entrega com que abarcou a nossa procura. O rio. Observava-nos atentamente. Creio que nos sorria, como sabendo o nosso mistério. O segredo da procura tão intensa e fervorosa.
As pessoas, parcas e raras, passavam por nós com um sorriso estampado na face porque sorríamos para elas. Lógico: retribuiam com amabilidade.
Os automóveis passavam velozes conhecedores do seu objectivo.
Por fim, esboçamos um grito sentido de maravilha. Ei-lo: O Quartier Latin!
O nosso destino encantado. Trocamos um Ohaooo! efusivo. Um olhar mútuo e cúmplice de entusiasmo. Uma partilha só nossa. Um entendimento absoluto.
O local fervilhava de gente. Simpática. Acolhedora. Havia que retemperar energias.
Olhamos uns para os outros, perplexos de maravilha. Entramos naquele mundo parisiense.
Um funcionário chamava os clientes partindo pratos em plena rua. À porta do restaurante.
Explicaram-nos que era uma tradição grega. Tudo bem. As tradições são para incentivar e proteger. - Força!- pensamos. E, surgia outro bater sonoro estridente de prato contra o empedrado da rua, a que ninguém já parecia ligar.
Mais à frente encontramos o apelo de um Francês típico que parecia empurrar-nos verbalmente com convicção para entrarmos ali mesmo. Deixamo-nos ir, sorrindo.
Era um restaurante típico francês. De imediato serviram-nos uma Raclette apetitosa e a sua amabilidade.
Hospitaleiros. Compartilhamos com o diligente funcionário a vida portuguesa e francesa.
- Nada em comum! - Concluímos, num desabafo nas duas línguas ao mesmo tempo.
Retemperadas as energias, saímos. O entusismo crescia. A indiferença não era o lema da noite parisiense do local. Fervilhava com entusiasmo e alegria de gente de todos os cantos do mundo.
- Lindo! - Exclamamos em uníssono, encantados.
Apesar do encanto, o destino da noite era outro.
O meu coração palpitava, cada vez que palpitava o nosso interesse: Conhecer o café frequentado por Sartre e Simone de Beuvoire: "Les Deux Magots". Sabia-o ali. Bem perto de mim.
A noite ia crescendo. As ruas cada vez mais povoadas.
Procuramos e procuramos.
Enfim, Ei-lo! Pareceu-me que ia desmaiar. O meu sonho havia-se concretizado!
Tudo o que esperei na minha vida. Entramos. A magia do lugar, maravilhou-nos. Tomei um expresso. Soube ao "Mundo" inteiro.
Eles estavam lá comigo, lado a lado, sempre o soube, desde a minha entrada ali.
A magia após longos instantes, afundou-se numa estação de Metro.
OBRIGADO, meu Deus! Quanta maravilha de viver Me dás! OBRIGADO!
Tinha concretizado mais um sonho. Um sonho puro, Daqueles sonhos muito poderosos. Intensos. De uma vida!
Pena. Março.2008.dia 27.21h15m e trinta segundos. "Paris"