Friday, October 26, 2007
O Pintor Sem Rosto!
Quando ainda de tenra idade senti estes instantes únicos. Inabordáveis por viverem no fascínio de mim.
Tempos inesquecíveis que passo a descrever com um "brilhozinho" no olhar e no coração por descreverem e existirem no que sou e percepciono com emoção abraçando-os com muito carinho.
Pertencem ao meu Mundo.
Tínhamos bem presente em nós que aquela gruta estava abandonada e que havia perigo nos poços de água profundos e escuros que podiam engolir-nos nas suas trevas.
Tremíamos pelo frio sentido ali, mas também por encontrarmos a angústia em todos nós, cada vez que caminhávamos mais para o seu interior.
O nosso coração parecia estalar pela ousadia de perturbar aquele lugar, um espaço que não era nosso, mas que defenderíamos e conheceríamos até à morte.
O suposto guardião da gruta dos nossos sonhos era o Nóbrega.
Nunca o entendi verdadeiramente.
A sua postura fingia ignorar-nos ou ignorava-nos mesmo.
Havia nele algo de sofrido, ausente do mundo. Sentava-se à porta de sua casa num banco de madeira tosca e pintava.
Expunha os quadros ao longo daquela rua, mas nada fazia para os vender. Olhava-os demoradamente.
A sua Arte parecia absorvê-lo, extasiá-lo. As suas obras pareciam deliciá-lo, mas ele não estava ali, disso tinha eu a certeza absoluta.
Por vezes, imaginava-o em sonhos, montar num cavalo alado e cavalgar rumo a destino incerto, distante dali, até ao infinito.
O pintor não tinha corpo, habitava somente o espírito e a alma! Mesmo a gruta que era sua, estava certo, que ele não a conhecia.
Quando passávamos com medo dele, nunca proferiu um gesto, uma palavra. Intimidava, somente, não sei por quê. A par disto, nunca ouvi a sua voz, pois, não articulava um som, uma sílaba, uma letra, pelo menos que saísse para o exterior de si.
Talvez falasse com o seu interior!
Nunca consegui sequer, ler-lhe os olhos para sentir um pensamento, uma emoção, pois, quando passávamos furtivamente, estava sempre de costas viradas para nós.
A avó Maria nunca soube das nossas investidas ali.
Quando alguém falava do pintor ela sorria com ternura e abraçava o olhar, de forma aprazível e misteriosa.
Hoje, sinceramente, penso que o guardião da gruta estava, somente, na nossa imaginação, na ilusão acalentada e consolidada dos nossos sonhos inocentes, doces, infantis.
(Dedico este relembrar de momentos infantis à minha adorada Áurea do blog doce: "Aukimia", ao selo atribuído com imensa ternura e, a todos os que nutrem por mim algo, a quem repasso este delicioso Prémio).
Recentemente, as minhas indefinidas amigas de encanto, pela amizade e carinho que sempre me dedicaram e, que me deixaram silencioso, não tendo palavras possíveis para expressar, agraciaram-me também com este "Selo":
A sempre presente Luciana Cantanhede do Blog: "Mensagens Para o Coração" que terá sempre um destaque sincero e amigo da minha parte, pela ternura, amabilidade e simpatia com que me presenteia e me deixa perplexo de espanto e mudo de Alma que cintila com maior intensidade e alegria. - Uma Pérola à parte, da imensa Blogosfera!
E, a sempre adorável e simpática Amiga Alice Matos dum Blog lindo e puro feito de sensibilidade e ternura: "Detalhes...". Uma amiga a reter, creditar plenamente no pensamento e no sentimento, pela maravilhosa escrita e adorável Sentir.
Um Bem-Hajam sincero e muito reconhecido para elas e para o seu solidário brilhantismo em tudo o que fazem. OBRIGADO!
Acreditem é para todos vós! Indispensavelmente. Pelo Amor e Simpatia.
OBRIGADO!
Pena.Outubro.2007.