Meu Deus, o que se passará?
Penso que a sobriedade e o bom-senso nunca me abandonaram. Sempre compartilharam comigo os meus momentos de ansiedade e os meus momentos menos conseguidos.
No meu espaço, neste espaço, onde escolhi para escrever, coabitam comigo instantes intransmissíveis, por não arranjar maneira de os descrever.
Não compreendo os momentos que passam, quando os olho, quando os sinto, quando os vivo.
Surpreendido, não consigo dar a volta ao Mundo que vai em mim.
Nem moscas há, que possam marcar a sua importância incomodativa.
As paredes que me rodeiam estão mudas. Amuadas por existirem paradas aqui.
Num gesto rápido ligo a telefonia, já há muito esquecida sobre a mesa repleta de papéis. Só papéis, nada mais. Estou a perder a organização que era o meu orgulho de pessoa útil. Embora, revoltada a telefonia, sopra uma melodia suave e terna, desejando conquistar-me.
Suspiro de alívio. Ao menos, ela suporta a ideia de estar presente. Ao pé de mim! Sei que lhe causo transtorno. Um transtorno imenso. Muito a custo digo-lhe que gosto dela e da melodia que respira. Pelo menos, faz-me alguma companhia. Tem que ser! Não há mais nenhuma solução. Só carregando na sua tecla que a silencie, que não quero fazê-lo.
Numa prateleira de pinho tratado, existente na minha frente vejo duas folhas adoráveis penduradas. Escritas a computador dizem em cada uma: Mãe Adoro-te! Na outra: Adoro-te Pai! Estas folhas ternas comportam, cada uma no meio, um coração enorme.
Sorrio ao olhar para elas. Não estão assinadas, mas sei de quem são! Perfeitamente! E, quem escreveu este gesto carinhoso, não precisa de as assinar.
Fico a cismar. A melodia envolve-me os sentidos. Todos os sentidos.
Matuto em coisas sem nexo. Irreais.
Por que razão?
Às vezes, a realidade confunde-me. Apesar de ter uma certa coragem em mim, tenho um receio, um medo imenso, de viver, de me entregar, de compartilhar e de sonhar…!!!
Vejo-me minúsculo numa aparência de adulto.
Inibo-me de sentir a minha pequenez. Inibo-me de revelar o que vai em mim.
Não! Tudo isto é absurdo. Tudo isto não faz sentido!
Tenho que despertar. Olhar nos olhos. Sentir com sentimento. Amar com amor!
E, contudo, tenho a certeza que sinto que algo não está bem!
Preciso de mudar!
Atirar-me de cabeça à vida. Sei! Sei isso!
É necessário.
É imperioso que o faça. Indiscutível. E, de imediato, sem demoras.
Uma avalanche de ideias assola-me. Ideias boas de felicidade conseguem descobrir-me.
Afinal, sou FELIZ!
by Poliedro, numa noite sem sono, Fevereiro.2007