Tratam-se De VIDAS. Preciosas, meu Deus!
Diàrio de um Professor preocupado
(Leiam, POR FAVOR, Amigos (as), até poderão gostar! Quem Sabe?)
MUITO OBRIGADO...!
Quando a noite cai sinto uma melancolia de difícil entendimento. Percepção complexa.
Sinto-me feliz e fico atrapalhado por os outros não o estarem.
A noite sucede ao dia e surgem-me momentos.
Surgem-me instantes em que contemplo o Mundo. O meu mundo. O mundo dos outros. Momentos e instantes de reflexão profunda.
Sim! Que direcciono para mim depois de me entregar aos outros a quem me devo entregar.
A Felicidade devia ser abrangente, por inteiro.
Extensiva. “Decorar” espaços. “Embelezar” pessoas.
Senti-las com ternura. Com apreço. De maneira doce. De maneira simpática. De tal forma que o “estar” fosse de “imenso”. De “imenso”, entendem?
Fosse feliz! Como olhar os céus belos e Vê-lo lá. No amparo. No Seu sossego invisível. Como as estrelas que nos encantam e fazem-no tão bem. Na tranquilidade. Na doçura do existir. Na sua doce magia terna. No seu sentido significativo.
Impossível de calcular, tal a universalidade indeterminada de beleza e pureza.
No entanto, enquanto ouço uma bela melodia, repleta de sons harmoniosos, “vestido”de pensamentos no lugar onde estou, sinto um imenso silêncio que se propaga em tudo e, me faz recordar. Um recordar preocupado.
Hoje, no dia de hoje, na aula, inquiri um aluno com olhar triste, circunspecto:
-“ Porque não fizeste o trabalho?” – Perguntei-lhe intrigado.
Resposta do rapazinho: - “Tenho a minha mãe no hospital. Vai ser operada ao coração” – Disse, desconsolado e aflito.
Continuou: - “Não consigo pensar senão nela.” – Concluiu, com os olhos arrasados de água.
Fiquei em silêncio! Fico sempre em silêncio quando o silêncio exige compreensão e consolo, entendem?
Permaneci assim alguns segundos. Olhando-o. Só olhando-o!
Esbocei um gesto indefenido de tristeza. Uma atitude preocupada. Muito apreensiva.
Tentei entender, sem o conseguir, mas de forma meiga, insisti, pensando somente no mundo precioso desta criança:
- “O que se passa com a tua mãe?” – Esforcei-me por proferir, “incomodado” por ter obrigação de o entender sem o interpelar:
Cabisbaixo, lá disse: - “Está no hospital na Suiça. Eu estou com os meus avós. Vivo e, sempre vivi, com eles.
Conheci a minha Mãe só até aos dois anos. Gostava que fosse mais tempo. O meu pai já morreu.”
Debrucei-me sobre o Mundo que era aquela criança. Ternamente, pedi-lhe desculpa.
Depois, abracei-o. Como me sentindo abraçar o Universo. Abraçar Deus.
Depois, caí em mim e meditei com desalento:
“Mais um. A quem a vida não sorri. Mais um significativo absurdo existencial vivido. De viver uma vida que deveria ser para viver. Viver em felicidade!
Descontraidamente. Bem desperto na doce e normal brincadeira lógica da idade e na alegria da satisfação óbvia, pura e extraordinária. Amplamente merecida de contentamento em mente de criança existente no ser/sentir/estar.”
Pensei cabisbaixo, sentindo – me atentamente um vazio, um nada, observado por Deus:
- “Mais um Herói da vida. Um Herói que tudo merece”.
- “E, o trabalho em falta?” - inquiri-me a mim próprio. Ao meu eu que é o meu eu:
“Quero lá saber do trabalho! Que se dane o trabalho!
Quero é saber da criança. Quero é saber da mãe da criança. Quero é saber do Mundo desta criança que deveria viver feliz e não vive.
Nada mais me interessa!”- Sei isto. Só isto. E, isto, é importante, sabem?
Sinceramente! Penso naquela criança. Penso naquela vida! Penso naquele Mundo!
E, penso para mim: “É injusto. Profundamente injusto. Porquê?”
Sinto um vazio mexer-se. Mexer-se em mim e no que sou. Por sentir uma ausência de lógica.
Esse vazio sinto-o por ser inexplicável. Essa ausência de lógica sinto-a por ser incompreensível, por ser ilógica, não o devendo ser.
É uma criança, sabem?
Trata-se de VIDAS!
Porquê? Porquê? Meu Deus!
Só sei uma coisa, que me ocorre dizer de forma convicta. Justa. Sincera. Totalmente merecida:
“- Nunca mais lhe perguntarei pelo trabalho! Podem crer! Acreditem, POR FAVOR.
Se um dia, mo entregar, mesmo que já não seja meu aluno, mesmo sendo adulto, mesmo noutro ano de escolaridade, tornar-me-á feliz. Muito Feliz!
Entendo-o, bem. Bem, de mais.
É porque tudo lhe “corre” bem na vida!”
Pena.
Diário de um Professor.
A Moral da minha história verídica: Há sempre que apurar um acto de um aluno, seja ele qual for, pode conter situações, propósitos, instantes, momentos, circunstâncias, acontecimentos que poderão justificá-lo, entendê-lo, ajudá-lo e terem de ser considerados com importância enorme até aí desconhecida e ignorada. Pode trazer uma dor. Um sofrimento. Uma mágoa.
Está bem? Sim? Educadores, façam-no, sim?
Verão resultados inesperados, acreditem?
Oxalá, nunca nunca ocorram, de acordo?