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Campanha do Agasalho 2009

Saturday, November 07, 2009

Eu. O que diz ser eu. No espelho onde me vejo e revejo. Sem nunca poder encontrar-me comigo. Com ele. Somos dois eus. Somos muitos. Uma multidão.



Eu.
O que diz ser eu. No espelho onde me vejo e revejo. Sem nunca poder encontrar-me comigo. Com ele.
Somos dois eus. Somos muitos. Já é bom. Uma multidão: Dois eus, calculem lá?

O Prémio Nobel da Literatura 2006, Orhan Pamuk, em “A Cidadela Branca” a dada altura, num personagem fruto da sua muito fértil criatividade, fala assim, interroga-se: “Quem sou Eu?”.

Não pude deixar de pensar nisto. Seriamente. De me interrogar também: “E, eu quem sou?” Tantas vezes me ocorreu. Tantas vezes senti-me. Perdi-me. Desesperei-me. Só de pensar nisto.

Podia continuar debruçado sobre o livro. Passar à frente. Continuar a lê-lo imperturbavelmente. Sem dar grande importância. Mas, algo aconteceu em mim. Algo mais forte.

E, eu quem sou?

Quando olho o espelho, lá estou eu! E, sem saber nada sobre mim? Sei lá, quem sou? Só sei que aquele que vejo e, que não se parece com mais ninguém, sou eu!
Nisto, sussurrou-me uma voz doce e misteriosa, ao canto de um ouvido:
“Suporta-te. Sê sempre fiel ao que és. É um bom começo de existir num carácter que sente, com os sentidos bem apurados. Que quer ser escutado. Que deseja e ambiciona a eterna paz. Um sossego e tranquilidade emotivas. Uma sensibilidade de vidro frágil de que é feito transparecendo e distribuindo afecto”
Foi como um sopro de vida. Eu?

E, que faço comigo? Eu que sou sei que estou aqui? Que aquele que está ali tão perto “dentro do espelho escondido”, sou eu.

Eu, metido na pele de mim, imaginem! Eu que, por vezes, esqueço-me de quem sou ou o que faço aqui? Sim! Aqui, sob o mesmo céu. Sob as mesmas estrelas. Sob o mesmo Planeta.

Se não houvesse espelhos, seria capaz de me reconhecer e reconhecer os outros? Estes saberiam quem eram. Eu saberia quem sou?

Duvido. Sinceramente, duvido. Perdoem-me a franqueza, a seriedade do que digo e penso. Todos estaríamos perdidos. Ao acaso. Aos encontrões existenciais pela ignorância e falta de identificação. Preciosa e autêntica.

Estaríamos à deriva. Sem emoções. Sem assumirmos a verdadeira identidade de quem somos?

Espreito-me de novo. Cautelosamente. Com receio. Timidamente. Pelo canto do olho, porque eu tenho um olho. Dois. Lá está ele! E, eles dizem que sou eu! Ele irá aceitar ser eu?
Não terá grandes alternativas na escolha que possa efectuar. Temo-nos aos dois. Já é um bom consolo!

Não posso fazer nada. Aquele que está ali, sou eu! Tenho que o transportar sempre comigo. Sim! Toda a vida. Posso estar certo disso. Sem ter medo de errar.

É a vida!

Enquanto me olho. Enquanto olho o outro. Sou eu.
Penso.

Penso no que sinto. Interrogo-me, se serei capaz de amar? Se serei capaz de compreender? Se serei capaz de me entregar? A quê? A quem? A alguma causa? Na plenitude do meu eu distante do que sou?

Já que terá que ser assim. Também não será difícil.

Ele que sou eu. Eu que sou ele. Seremos bons. Podem acreditar!
Não! Não haverá fugas! Haverá sempre alegrias porque somos alegres: Eu. O que diz ser eu no espelho onde me vejo e revejo, sem nunca poder encontrar-me com ele.

Sim, amarei a vida, podem crer?
Ansioso. Multifacetado. Tentando encontrar o Eu de mim. Os eus do que sou.
É indício de que me encontrei.
No entanto, sei que o eu do espelho não sairá com facilidade.
É Universal em todos os eus.


Pena


Pena. Dia 8. Novembro.2009.
Oxalá, apreciem.
MUITO OBRIGADO, incomparáveis Amigos (as) gigantes.
Um Bem-Hajam sincero pela VOSSA amabilidade e simpatia.
Gosto imenso de Vós, com seriedade e verdade, acreditem?