A minha Aldeia amada e estimada de sempre!
O seu nome repousa em mim secretamente, por amor a ela.
Abandonados. Ao triste acaso.
Os seus habitantes haviam-se "levado" para o estrangeiro na busca de melhor qualidade de vida.
Entendo esta atitude na perfeição e, compreendo a ânsiedade do gesto das suas gentes sofridas, pondo-o em prática, em evidência visível, tentando levar a cabo um acto concretizado numa profunda dor.
Destaco: Numa profunda dor! Só eles a saberâo, mais ninguém. Confidências silenciosas guardadas para si.
Promessas. Só promessas!
Que enganam um povo sincero, humilde, trabalhador e honesto.
A casa, a casa que fora de sonho em tempos idos, não aparentava nem por sombras, o que viveu, as conversas que escutou, as confidências que as suas paredes sigilosamente guardam e continuarão a guardar para si. Só para si. Só para o seu interior. Necessita com urgência de arranjo. Está quase a desmoronar-se e não o merece. Nunca!
Dei a volta com o automóvel no chamado Largo do Relógio, cuja designação dá o nome ao Largo, sem o ver. Havia desaparecido. Teria "sido levado" também? Como era ancestralmente belo e propriedade dos seus habitantes, que falava pelo sol a hora do dia, pude constatar algo perturbado e intrigado, pela sua ausência soprada em mim. O Largo perdera um amigo do peito, a sua maior significação e, companhia inseperável, de um tempo infinito que não pára.
Eu, parei.
Adorei!
De imediato, sem dar tempo a que pudesse esboçar qualquer gesto, conduziram-me a uma casa em construção. A casa sonhada. A casa ambicionada. A casa que sempre ambicionaram na sua rica imaginação de pobres economicamente, mas ricos e gigantes nos sentimentos e formas de ser.
Escrevia sonhos. Escrevia histórias.
Escrevia ideias!
Notei-lhe inteligência, vivacidade, amor aos seus e amor aos sonhos, que passavam por aquele computador. Por aqueles livros. Pelos rascunhos da sua escrita.
Sim! Fiquei deslumbrado parecendo ir desmaiar de alegria e arrebatamento.
Falou...Falou...Falou...Encantou o que dizia.
E, quando me despedi cordialmente para regressar à pacatez do que sou, sim!, notei-lhe um "Brilhozinho" nos olhos Diferente.
Diferente, porque era Especial.
Havia neles vida. Inteligência. Alegria. Magia. Sonhos puros. Ideias.
Agradeci a Deus e ao que Ele fez. Agradeci tê-lo conhecido! Agradeci por presenciar um Ser Humano Feliz. Eternamente Feliz!
Quanta Felicidade ia no rosto daquele jovem. No seu olhar destemido e levantado.
Regressei a casa, sempre olhando para trás agradecido a Ele e, pensando:
Jovem, mereces tudo. Mas, tudo!
Fiquei prostrado com este episódio real de eterno deslumbre de uma vida!