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Campanha do Agasalho 2009

Saturday, November 14, 2009

Que Saudades, querido e maravilhoso Avô…!


O Meu Querido Avô João!

Parece que o estou a ver, o meu avô. Chamava-se João Pena.

Movimentava-se pela casa como uma sombra importante, imprescindível. Era respeitado por todos, familiares e amigos.


Professor idolatrado, competente e atento à plena educação e formação dos seus alunos, nunca agia manifestando as suas mais íntimas efusões de afecto, mas elas estavam lá. Sempre presentes. Uma constante doce “invisível”.


Mostrava segurança nos seus gestos, mas era doce e terno, camuflando uma imensa simpatia e preocupação nas emoções e nos sentimentos, para com todos. Era raro vê-lo a sorrir ou em situações de grande tumulto ou hilaridade, comedido e sério que era.



Abraçara o seu mister de professor, para dedicar-se inteiramente a ele, de Alma e Coração Enormes.



Relembro-o, agora, fugazmente. Prendera-se a sua fugidia imagem a mim, com contornos de perpétua adoração e veneração.


Vejo-o sempre de cigarro na boca, expelindo densas fumaças com regozijo e satisfação. O seu cinzeiro de prata, que era só seu, repleto de beatas apagadas.


Parecia que as coleccionava ali na sua bonomia serena. Talvez, o acalmassem do reboliço da sua própria e preciosa existência pessoal.


Agora, guardo-o carinhosamente comigo por oferta da minha mãe.


Tinha dignidade, o meu avô, evidenciada nos actos que tomava, agindo, todo o tempo, de forma sensata e sóbria.


A sua dignidade era respeitada porque respeitava a dignidade dos outros.

Vivia “preso” à família e, ainda hoje, parece-me vê-lo esboçando um ténue sorriso de carinho só para mim e ouvir, pelas mais diversas vozes de outros, louvá-lo e enaltecê-lo pela sua conduta intocável e bela em todos os rostos conhecidos ou desconhecidos, na cidade que era sua e que eu habito, mesmo já tendo “partido”.


Meu avô conquistara os corações das pessoas e defendera valores relevantes ao seu bem-estar e à sua vida em felicidade que jamais seriam esquecidos.



“Vivera”a sua obra de amor, dedicação e solidariedade que jamais serão ignorados. Imortalizados que serão pelo tempo fora, sem desgaste pela inércia avassaladora das ideologias educacionais de vanguarda das novas gerações.



Meu avô João tinha sempre crianças por perto, mas não lhes sorria. Amava-as. Com a sua seriedade, com o seu carácter de figura de bem. Amava-as tão intensamente que se esquecia de si próprio ou do sorriso que guardava dentro de si, só para elas.



Era só para elas. “Isso”, era suficiente.


As pessoas perguntavam e intrigavam-se, perguntando onde estava o sorriso do meu avô?

Eu sorria, sem entender aquelas pessoas e, ele mostrava-se sério, parecendo indiferente e, esboçando um sorriso terno e agradecido, de soslaio, pela minha cumplicidade.



Guardarei sempre com respeito e amor a imagem do meu avô João, para os outros, Professor Pena.


Não esqueci as suas sestas.

Dava-me cinco tostões e as suas sestas eram as minhas sestas. Só conseguia adormecer com os netos no seu coração.


Quando me parecia que ele adormecera saia furtivamente da cama, sem fazer ruído, agarrando com muita força os cinco tostões na minha mão, pequena ainda, ao mesmo tempo, que escondia a minha recompensa e o meu pequeno tesouro, amplamente merecidos. Ele sentia-me abandoná-lo e, então, sorria e adormecia feliz, enternecido pela companhia valiosa que lhe fizera.


Ao jantar, quando se sentava à mesa, no lugar do topo, mandava acender todas as luzes, exclamando, com convicção:
- “Acendam todas as luzes, enquanto eu estiver vivo! Quando morrer, para mim, já não fazem falta! Enquanto estiver aqui quero tudo aceso”.
E a claridade das luzes propagava-se por todos os cantos da casa e ele parecia satisfeito, feliz, omitindo sempre a chama da sua Felicidade absoluta!


Quando o meu avô “partiu”, apagou-se uma presença maravilhosa e inesquecível no meu olhar e no meu coração. Não compreendi bem, mas…



Amá-lo-ei sempre, nem que seja em sonhos, o meu avô João, para os outros; Senhor Professor Pena!

A sua sombra de imponência baila-me cá dentro, no meu pensamento. No meu sentimento mais escondido do meu ser, com pena de ele não ser eterno.



De certo, Lá no Alto, Deus compreenderá que há certas pessoas que deviam ser eternas.

Sempre presentes em nós pelas “Obras” boas quaisquer que elas sejam em prol do bem-estar da Humanidade.

- “Até sempre, querido avô”!



Hoje, a muito custo, considero-me capaz de saber como lidar com a Vida e com a Morte, mas…



“Correu-me” uma lágrima, só uma, ao relembrá-lo.



Mesmo e, sobretudo por eu ainda ser muito pequeno e, a sua doce presença ter sido fugaz, mas de um imenso valor humano que vale indubitavelmente recordar…!



Deus saberá como recompensá-lo. Estou certo disso.



Que saudades, querido e maravilhoso Avô…!


Pena



Pena.14.11.2009. Escrito às 23.30 horas. Sábado.

MUITO OBRIGADO, incomparáveis Amigos (as) gigantes.
Um Bem-Hajam sincero pela VOSSA amabilidade e simpatia.

Gosto imenso de VOCÊS Admiráveis visitantes de sonho.