Por entre as vastas curvas da estrada “aconcheguei” o olhar. Na paisagem que se vislumbrava do belo Douro. O rio Douro da minha inesquecível infância. Calcorreei-o muitas vezes, em diabruras e jogos infantis que me recordo com nitidez.
Bem visível, a zona "vinhateira" e demarcada do Douro. Afamada e reconhecida pelo "néctar" de sonho que, já há muito, ultrapassou as fronteiras nacionais. "Nasce" aqui o precioso e ímpar vinho do Porto.
A sensação que os meus olhos apreciavam era-me familiar ao olhar.
Nas encostas vividas de inúmeros socalcos bem visíveis, as suas vinhas magníficas.
“Espraiavam-se” num cenário interminável de beleza. A sua pureza parecia não ter fim.
A linha férrea parecia rasgar as montanhas sobranceiras ao rio. Num arranjo delicado. Como a pedir licença. Autorização para o fazer. Delicioso. Tal era a delícia que vivia no instante.
Como tudo era verde! Como que transformada por varinha mágica Dele, num relvado suado pela mãos dedicadas dos seus zeladores. A eterna azáfama. Feita de sangue derramado. A sensibilidade do trabalho de gerações e gerações sucessivas.
Relembro agora a sua estação de comboios. Um alpendre modesto. De sonhar. O mistério infantil de tempos passados, escondido nela. Mero aparato de mim. Mera visão nunca esquecida e também nunca indiferente.
As voltas que o Mundo dá.
Como tenho amor àquela visão de sonho. De maravilha. De delícia enternecedora. Que me arrebatou. Que me conquistou. Que me cativou os sonhos.Por completo. De forma doce. Eterna.
Parece que regressei. Ao que era. Ou antes: ao que fui! Como lhe depositei o meu amor.
Todo o meu amor que possuo.
Gentes nunca cansadas. Viciadas no amor na terra. Sofredoras, mas silenciadas pelo peso da enxada com que sempre existiram. Coabitaram entre si. Trocaram tudo. Uma vida! Por aquele amor ao majestoso Douro de sonhar e sonhar...
Choraram para si. Só para si. "Disparataram" ternamente com eles próprios.
De forma "rude". "Grosseira", mas ímpar de maravilha. Que vai neles. Que os "faz".
Que os "faz", pessoas Gigantes. Simples. Humildes.
Mas, com um imenso valor e carinho de "serem".
De existirem!
Nunca incomodaram ninguém. Entregues a si próprias. Falaram palavras duras num monólogo surdo. Nunca cederam.
Se passaram a fronteira do País para ambicionar vida melhor, regressaram de imediato. Com aquele intenso amor lhes criara raízes próprias. De riqueza eternas.
Regressaram ao que sempre foram.
Isto é o Douro. O terno afago. O Amar as suas raízes valiosas. De um Douro de ouro puro. Belo.
Puro. Ancestral de deslumbre.
Tantas vezes cantado. Tantas vezes ignorado. Tantas vezes de eleição.
Nos pensamentos lindos e repletos de sofrimento existencial. Dos que o viveram. Numa entrega total. Com um carácter íntegro. Assente e ilustrado. Um tesouro riquíssimo. Saído da arca da vida. Exclusivamente seu. Posse sua.
As inúmeras curvas deram-me alegria. O quadro pintado bem real, com imenso carinho, trouxe-me ternura. Magia. Contentamento.
“Enamoramento”. A recordação infalível de ternura.
A recordação das noites quentes de Verão.
Feitas de luar majestoso. Só de observar.
Puro êxtase de prazer!
Como amo as inúmeras curvas que fiz hoje. Transformadas agora em desnecessárias modernices de rectas de auto-estrada. Penso num progresso moderno que não substitui a eterna beleza de outrora. Que permanecerá eternamente. Sempre comigo.
Onde contemplei um sonho.
Como amo o Douro.
As gentes.
O seu amor à terra.
Ao verter das suas lágrimas de suor agarradas sempre às enxadas do trabalho árduo.
Parei. O tempo parou.
Naquele momento perpassou por mim a ambição de rever tudo e, revi.
Delícia. Maravilha. Encanto!
Regressei por aquela estrada do Douro. Que faz de mim o que sou.
Abertos para o “sentir” em mim. No que sou.
O Douro estará sempre no aperto dos meus braços sentidos.
Comovidos.
Sinceros.
Amo o Douro! De forma eterna! Inesquecível!
Jamais o poderei esquecer. Permanece em mim.
Faz parte dos meus sonhos enternecedores. Comove-me sempre relembrá-lo...
Faz parte das minhas raízes.
Do meu "sentir".
Do meu "viver".
Do meu "Amar".
Do doce sentimento de contemplar um infinito divinal só meu.
Que jamais omitirei do que sou.
Pena
Pena. Junho.2007. "Um Viagem sem trajecto de regresso"
Algures no silêncio da Noite, boa conselheira.
Anseio o VOSSO dedicado carinho na visita que, sempre e adoravelmente, me fazem....
Espero que gostem...!
Bem-Hajam, pela amabilidade e ternura...!