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Friday, December 01, 2006

Sinto uma enorme alegria em estar vivo

A imensa alegria de estar vivo


Sou. Apenas sou!

Não! Não vou citar Sartre. Não vou dar importância a Albert Camus.
Talvez, não devesse tocar sequer neles porque podem estimular-me a saudade. O desejo de voltar atrás. O tempo não se controla e faz das pessoas o que elas desejam fazer.
Estive entrincheirado, bem entrincheirado neles. Coisas inabordáveis por serem o que são. Deixam danos. Deixam ideias. Deixam instantes únicos! Fazem sonhar!

O existencialismo que me marcou a adolescência já lá vai. Com ela, com a minha adolescência, foi também o absurdo em que eles e eu vivia. O absurdo a que me entreguei totalmente! Só me alertou a ser um eu! A lidar com o meu eu! A viver na sombra do que sou!

O existencialismo que marcou uma geração, a minha geração, morreu. Não fui ao funeral! Só irei ao meu!
Apesar de me apertar o peito com uma dor incómoda e desagradável, sorri. Tive uma sensação de espécie de liberdade!

Uma espécie de libertação!

Casei. Possuo dois filhos adoráveis.

Não necessito de me preocupar, porque calcei umas pantufas. As pantufas falam e exprimem o que eu poderia dizer!
Vivo o dia-a-dia como o raiar belo da alvorada, como vivo o alvorecer do que sinto e penso. E, penso muito!

Criei a minha forma de pensar. Criei a minha forma de sentir.

Aprendi a agir com o coração. Aprendi a dedicar-me às pessoas com um fervor intenso Com uma ternura que povoa o meu existir.

Amo a vida, que não precisa de elogios ou bajulação. Agarro-a e tenho-a ao alcance de mim. Do que sou! Do que sou pela entrega à vida. Minha e dos outros!

Não! Não custou. Cumpri a magia da idade da razão. Da idade das pantufas. Do bem-estar que uma pantufas transportam.

Por amor a um eu, por amor ao que construí. Sim! Falo com a responsabilidade do coração nas ideias. Com o coração na compreensão dos que me amam e que o meu eu retribui, amando também. Sim! Simples, mas profundo!

Quando ultrapasso a porta da minha casa sorriu sempre. Comovido com a vida. Com o que ela me deu. O que ela fez comigo e com que me contemplou.

Aquele espaço em que tudo é diferente. Aquele recanto onde ninguém consegue ver o que o amor pode fazer. O adorável espaço em que eu posso ser eu. Em os que amo podem ser eles.

Quando entro aquela porta, plano na felicidade de existir. Existir com amor.

Incontornável! Incontornável no tempo por amar. Sentir o verdadeiro amor de ser feliz!

Sinto uma imensa alegria de estar vivo!


Poliedro, Novembro de 2006