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Campanha do Agasalho 2009

Sunday, March 26, 2017

Adorável Diário Pessoal.
Primeiro adorava a noite. Era seu cúmplice. Agora, vivo de insónias crónicas constantes que me perturbam. Todo o meu ser.
A escuridão dos objetos assustam-me. Mexem ao ritmo certo do que anseiam ser. Mesmo, sem permissão ou concessão. Permitido. Aceite.
Detesto-a porque está imersa num escuro grandiosa. Sem visão adicional ou prespetivas de auxílio na sua contemplação necessária e visível. Porque me faz ela isto?
Tenho raiva. Tenho fúria. Tenho força para acabar com a noite. Não se ouve nada. Nem o sibilar de algum pássaro amigo. Uma mosca. Um mosquito. Qualquer inseto incomodativo e nocivo. Nefasto.
Olho tudo à minha volta com atenção aos pormenores dos lados e em frente. As laranjas na mesa apelam ao fim a que se destinaram. As maçãs também. Esta fruta toda não fica ao acaso.
O Sr. Gonçalves encarrega-se de comê-las fazendo barulho com a boca a mastigar alto e a bom som, nada ético ou cívico quando as digere, mastigando alto. Que coisas de nada da vida.
Como sinto vontade de abrir as persianas e deixar entrar o seu escuro e a sua negritude janela adentro. Como carvão ardendo ao ritmo do estar. Sentir. Ser. Faria barulho.
Estou aqui às escondidas e fácil e prontamente me descobririam se encetasse qualquer atitude ou gesto mais ruidoso ou mais alto nos decibéis de som. Veriam o mistério existencial do que abarquei. Do que sou e sinto.
Que impertinência, a noite! Nunca mais é dia. Olho o relógio e assola-me uma inconformação grandiosa.
Estamos no início dos mistèrios do escuro da noite. Da sua negritude plena. Eu? Não! Não posso fazer nada. Só me resta olhar e olhar sem exigir ou descobrir misteriosos episódios da noite. Sim! Com verdade e sinceridade.
Tenho Pânico. Tenho um pavor grandioso. Caramba, nunca mais é dia? Detesto e condeno, a noite! E, se fosse para a cama desperto e acordasse tudo e todos?
Não poderia fazer isso. Acordava a minha gente que ficaria furiosa. Os vizinhos que apontam sempre o dedo inconveniente e doentio para aqui. E, não resolveria nada de nada. Prefiro a sua aceitação plena e total. Fico quietinho. Não faço nada. Apenas, necessitei pular. Dançar sem música. Podendo ver as incongruências do Mundo.
Porto-me muito mal. Estou irritado.Na minha frente vejo fantasmas e brincar com esses fantasmas que nunca vi aqui. Ou por perto. Deviam ter vindo do Firmamento. São esquisitos. Nem uma simples ponta de beleza se encontra neles. Parecem bichos.
Tento aproximar-me deles. Fogem de imediato. Cobardes. Fico triste. Iríam por certo contar-me a sua vida que facilitaria passar a noite.
Não tenho muito a contar. Desisto.
O crepúsculo maravilhoso do nascer da terna e bela manhã assola-me com ternura e carinho.
Passou mais uma noite.
Sejam felizes, sim?
António Pena Gil