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Saturday, February 20, 2010

Recordações De Infância: A Tareia Justa Que Dei No Polícia, Apesar Da Minha Pequenez!


Vínhamos em grupo. Contentes! Felizes! Talvez, demasiado eufóricos! Tudo aconteceu junto do jardim Diogo Cão, instalado perto da Escola Técnica, agora, Escola Secundária de S. Pedro, na minha cidade de Vila Real.

Cantávamos em coro, emanando e brotando um contentamento incontido, contagiante, próprios da idade. Perante a estátua do ilustre navegador português, Diogo Cão, um dos orgulhos desta cidade.

Vislumbramos, ao longe, um agente da autoridade.

O Pires, o Nóbrega, o Carvalhinho de Matos Torres, entre outros e, que eram muitos, começaram a provocá-lo.
Levantaram as vozes em sintonia, acriançadas, gritando na sua direcção: Solipa! Solipa! Solipa!

Não me agradou aquele tratamento desajustado para com o polícia e destaquei-me do grupo, caminhando mais à frente, silencioso.
E, riam-se.

Como me destaquei do grupo, eu que não emitira um único som durante todo o tempo, fui interpretado, pela distância pouco preceptiva a que ele nos observava, como regendo aquela orquestra.

Eu que estivera calado, sumido em mim próprio, sempre. Completamente inocente! Tremia, por se pensar que eu regia aquele coro, conotado com a indelicadeza do acto, daquele chamamento indecoroso e provocador ao agente da autoridade.

Entretanto, o polícia dirigia-se para nós, carrancudo e lentamente, parecendo controlar os seus passos, milimetricamente. Eu, havia avançado um pouco e o grupo também.

De súbito, junto da repartição onde o meu pai trabalhava, senti que me agarravam. Tratava-se de um agente policial à paisana.
Senti-me, frente a frente, com a lei e a autoridade, mas inocente, verdadeiramente inocente.

O Polícia na urgência de apurar o meu comportamento para fazer justiça.

Senti medo e revolta!

Sentia no meu íntimo indignação e, também sentia, que a fuga dos meus colegas, levara com eles a amizade que me unia a eles.


Não consegui controlar-me.

Atemorizado que estava com o avanço do polícia e o que ele me podia fazer, tentei libertar-me do agente à paisana. Aos gritos: - “Largue-me! Largue-me! Não fui eu!”- Reagi com impetuosidade e consegui soltar-me.

Peguei no guarda-chuva que possuía e atingiu-o com ele várias vezes, ao mesmo tempo que invocava a minha inocência.

Isto fê-lo largar-me.

Corri, então, para o meu pai que se encontrava na repartição.

Ficou perplexo, incrédulo e, perante a minha eloquência justificativa, todos acreditaram em mim. Todos os colegas do meu pai me apoiaram.
Os polícias pediram desculpa e eu fui para casa, onde mais tarde, o meu pai conversou civilizadamente comigo e aceitou a minha atitude como justificada.

Pelo canto do olho pude observar que emitia um sorriso de elogio, pela minha determinação. Senti um imenso calor protector naquele acto e na minha pequenez, motivados pela tenra idade e pela insegurança daí resultante.

Ele estava ao meu lado, como sempre estivera. Podia contar com ele, constatei com orgulho e satisfação!

Durante os dois meses que se seguiram não perdoei aos meus amigos o que eles me haviam feito. Depois, tudo foi reposto: a amizade e o companheirismo, por entre desculpas e abraços.


Contudo, permaneceu sempre presente em mim, este instante que vivi e que não esqueci, pela minha presença de espírito em repor a verdade e o saber perdoar, apesar de magoado e sofrido, pelas circunstâncias acontecidas comigo, injustamente.


Por outro lado, ficou em mim o respeito pelas forças da autoridade e um certo temor em relação a elas! Talvez seja um complexo, uma lembrança, um recalcamento.

No entanto, hoje, não posso deixar de esboçar um pequeno sorriso pela tareia que dei ao polícia, por falar verdade e ele não acreditar nem colaborar com ela.

A pureza e a verdade de uma criança devem sempre ser tidas em conta!



Pena

Pena. Fevereiro de 2010. Recordação de Infância.


MUITO OBRIGADO pela vossa constante simpatia e amabilidade.
Espero que gostem.
No maior respeito e consideração pelo vosso valor precioso e imenso.
Bem-Hajam, agradecido do tamanho do mundo.
Um por Um, Nunca os esquecerei.
OBRIGADO!