Divago e divago. Forço e forço e faço força por pensar. Para colocar as ideias bem estruturadas. Ideias e palavras penduradas em mim. Penduradas com fervor no meu ser.
Às vezes, penso em colocar um adesivo curador nas ideias e no pensamento.
É por isso que divago, com elas suspensas e agarradas.
Assim, não me escapam. E, são tantas, as ideias.
Não gosto que me conotem com a Filosofia. Sinceramente, só conto histórias.
Gosto de as contar. Mesmo que não as leiam. Porque razões as haveriam de ler?
Saem. É só! Eu também nunca as leio. Assustam-me!
Vagabundeiam por mim adentro. Instalam-se em mim, embora desejem outro lugar. Tenho a certeza.
Um lugar mais autêntico. Anseiam por descansar. Estão fartas dos adesivos.
Se as solto, as ideias, fazem estragos. Minam as pessoas e explodem com elas sem nexo.
A história de amor que me apetecia contar, rege-se em mim. Nos que me rodeiam.
Fazem parte do que sou.
Por que razão sou assim?
Gosto de ser verdadeiro. Lúcido. Atento.
Gosto dos autênticos desconhecedores do meu pensamento vagabundo. Não o conhecem. E, ainda bem. Assustar-se-iam, como eu me assusto!
Não consigo soltar os adesivos e o pensamento desliza e conta…conta…conta…
Conta…Sem fim!
A história de amor que queria contar, rege-se pelo próprio amor que possuo.
O Amor à vida. O cântico sonoro e alegre dos meus. O cântico vivo de estar vivo.
De possuir pessoas que me compreendem e entendem.
Da canção melodiosa de uma existência que não termina aqui. Vai prolongar-se enquanto existir a existência em mim.
Não me interpretem mal.
Sou um vagabundo do pensamento.
Só isto, por mais assustador que isso seja.