É uma hora da manhã. Está uma noite fria e de invernia que não a sinto.
Não sinto nada! Sinto que não sinto nada!
Pela janela do espaço que ocupo entra uma luz difusa amarelada, que o enche. Conquista. Faz-me companhia!
Aconchego-me na tosca cadeira que me ampara. Ampara-me quando decido que deve exercitar a sua função de amparo. De aconchego. Em momentos eternos aprazíveis.
Debruço-me sobre o pensamento. Exijo que ele me faça o retrato do dia que passou. O balanço do dia vivido, com fidelidade, sem me mentir. De forma amiga. Repleto de cumplicidade.
Gosto de falar com a vida. Observá-la com dedicação em pensamentos. Pensar com o pensamento na vida. Um pensamento sincero. Aberto. Digno. Verdadeiro.
Fui à escola.
Não vi ninguém!
Qual a razão?
Não havia crianças! As suas marcas estavam lá! Eram visíveis! Um silêncio inquietante, por todo o lado, comprovava-o.
Fiz o que tinha a fazer e depois, fugi. Apressadamente.
Sem elas, a minha presença era dispensável. Decididamente dispensável.
Não veio ninguém atrás de mim.
Quando cheguei a casa senti um alívio. Estavam os meus dois filhos! E, isso, é bom. Bom demais.
Sosseguei-me. Sosseguei a vida. Sosseguei o pensamento.
Depois?
Senti uma felicidade enorme. Reconfortante.
Afinal, aqui, podia manter bem viva a chama de vida e o desejo de pensar.
Senti-me, então, Bem! Senti-me Muito bem!
Pena, Dezembro de 2006
Desculpem, os atrasos nos comentários. Vou tentar ser mais cumpridor. Como já disse, penso ser um pouco falta de educação não comentar quem nos comenta.