Hoje levantei-me já tarde. Perdi-me no sono. Eram já muitas noites brancas em que me havia entrincheirado. Que me haviam desgastado.
Não fui à Pastelaria. Já não via a menina dos “adoçantes” há dois dias. Não. Não tinha saudades. Apenas remorsos que não podia ignorar.
Acordei sobressaltado. Tinha que escrever. Que iria dizer ao médico que a “anestesia” existencial tinha falhado? Não fora efetuada?
Por certo, ficaria furioso. Ele que nunca se mostrara furioso. Ele que nunca o vira irritado.
Estava um Domingo nublado. Daqueles dias em que todas as pessoas escrevem sempre alguma coisa. Tinham que escrever. A mim, o diagnóstico médico era escrever. Não podia parar de escrever.
E, sonhei que era astronauta. Daqueles que conquistam o Universo celestial. Sim! Depois do “foguetão” partir. Sim! Com contagem decrescente e tudo. Estava afundado no banco. Vestido como eles. Possuía um receio natural. Próprio dos autênticos e verdadeiros astronautas. A partida causava um certo temor neles.
Que hei-de fazer? São apenas sonhos. Acordados ou adormecidos. Mas, que me invadem o pensamento.
Tenho muitos. Que me invadem o Ser. Que me perturbam. Que a “anestesia” afetiva e existencial receitada exige que o faça.
Concretizo sempre tudo o que posso e sei. Sim! A pensar nas pessoas. Nesses sentires maravilhosos e fascinantes que o são.
E, escrevo.
Com amor. Com dedicação. Mesmo com ternura. O melhor que posso- É para elas. Para as pessoas. Que adoro. Que retribuo sempre o que vai em mim. Sem obrigação nenhuma. Gosto delas. Imenso.
Vou terminar.
O Senhor Gonçalves chama-me. É urgente que lhe faça companhia. Que lhe dê compreensão- Carinho. Atenção.
Obrigado, adorado diário. Começou mais um dia.
Por hoje é isto. É maravilhoso ter um diário. Escrever ou pensar somente o que vai em mim. E, este é amigo. Sincero. Disponível sempre.
E, eu faço. Tudo “isto” nele.
Fico-lhe muito agradecido.
Sejam felizes.
António Pena Gil Janeiro 2016.