Ainda bem. Fá-lo pensar. Fá-lo fazer incongruências que o fazem sofrer. Que o fazem só. Que o fazem desprezado pelo mundo inteiro das pessoas e dos seus sentimentos.
Wednesday, January 06, 2016
Como sou sensível, meu
Deus?
Sempre fui uma pessoa
muito sensível. Imenso.
Não será muito bom.
Lido com as pessoas. As pessoas evitam-me.
Carrego na minha “maleta”,
todos os dias. Sentimentos do Mundo.
O meu restrito “Universo”
deles.
Se não fosse assim.
Seria outro Ser qualquer perdido de si. Da magia “explosiva” de uma existência
sem nexo.
Gosto de ser assim.
Morreria se não fosse assim. Como uma estrela estrelada pertença do firmamento.
Belo. Terno. Visível. Apaixonante.
Quase a perder-me. Vejo
silhuetas que me apontam o seu dedo sabedor. Por ser assim. Não o devendo ser.
Gostava de ser como elas, as pessoas, prontas na crítica mordaz e insensível.
Dizem-me que não devia ler e escrever assim. Tanto.
Sobretudo ler e escrever sentimentos.
Que possuo. Com que vivo todos os dias. Sem eles ao pé de mim. Constantemente
mal olho essas pessoas recriminatórias do que sou.
Seriam capazes de ser
como eu? Sim! Sei que não sei nada. Mesmo, nada. As silhuetas da vida
preocupam-me. Imenso. Escapam-se. Quando passo ao pé delas.
Resolvo-me a Inquiri-Lo
na Sua presença sensata. Sóbria. Extraordinária: - Oh, meu Deus, posso ser
assim como sou? Há tempos confortaste-me. No Teu semblante de perfeição. Disseste-me
que era maravilhoso ser assim. Pensas ainda assim?
Ouviu-se um silêncio
pesado na minha casa deserta. Estava aflito. Fechei todas as portas. Fechei
todas as janelas também. Tudo!
Alguém podia ouvir-me dizer
que sou sensível. Alguém desconhecido e sem “papas na língua” poderia dizer que
a sensibilidade era para as mulheres e fazer sentir-me mal. Muito mal.
Apesar de ser homem,
muito homem, sou assim. Precisava de abrir a “cabeça” e tirar o meu eu
sensível. E, depois, “moderar” o que sou.
Não dizer nada ao lado
deles.
Sabem, continuaria
sensível com sentimentos importantes e fascinantes para as pessoas que gostam
do que sou.
Ontem fui visitar um
amigo. A casa estava repleta de cães agressivos. Daqueles que podem matar. Num
segundo. Sem darmos conta sequer.
Consegui apaziguá-los.
Quando ele acedeu à porta, muito escorreito perguntou logo: Vem com
sentimentos. É que não estou para o aturar, sabe? Já “varreu” de si a
sensibilidade?
Sorri. E, corri, a
chover, para casa. Não falei com ele de sentimentos. Preferi falar deles com a
minha família que gosta de mim. Sabem que “carrego” comigo “coisas”
importantes.
O homem deveria ter
ficado fulo. Irado. Porque nem lhe respondi. Ficou, com os cães para matar, com
ele. Nada mais.
Coitado. Não tinha
sentimentos. Nunca percebi como podia viver sem ter sentimentos. Deixei-o
entregue a ele que está sozinho e sem sentimentos.
Ainda bem. Fá-lo pensar. Fá-lo fazer incongruências que o fazem sofrer. Que o fazem só. Que o fazem desprezado pelo mundo inteiro das pessoas e dos seus sentimentos.
Ainda bem. Fá-lo pensar. Fá-lo fazer incongruências que o fazem sofrer. Que o fazem só. Que o fazem desprezado pelo mundo inteiro das pessoas e dos seus sentimentos.
Outro dia veio cá.
Ficou pasmo com o tratamento sublime que eu e a minha família o congratulamos.
Falamos todos de sentimentos.
Ainda bem. Ficou feliz
e a pensar, sem mais abrir a boca. Caladinho. Só ouvindo. Para meu espanto e
incredibilidade.
Sou sensível. Muito
sensível, sabem, amigos (as) de deslumbre?
Não! Não há nada a
fazer.
Por precaução. Não vou
falar de sentimentos. Guardo-os, com dedicação, dentro do que sou.
E, estou vivo. Sou uma
pessoa séria, sabem?
O momento assim o
exige. Com sentimentos.
Sou muito feliz assim,
acreditem-me?
Há pessoas. E, outras
pessoas? Muitas pessoas.
Obrigado.
Sejam felizes, sim?
António Pena Gil (Pena) Janeiro 2016