Monday, October 01, 2018
Morreu
Charles Aznavour, uma das maiores vozes da música francesa
Aznavour morreu esta segunda-feira, aos 94 anos.
Recorde a vida do cantor de "La Bohème", que largou a escola aos 9
anos, teve uma "amizade amorosa" com Amália e vendeu mais de 100
milhões de discos.
Charles Aznavour continuava a cantar, aos 94 anos.
Tinha sido obrigado a cancelar concertos este verão devido a um braço partido
Charles Aznavour morreu na noite deste domingo, 30 de setembro,
para a manhã desta segunda-feira, 1 de outubro, aos 94 anos.
Referência incontornável da música francesa, também
com uma carreira paralela como ator, Charles Aznavour atuou pela última vez em
Portugal há dois anos, na Altice Arena, em Lisboa. Morreu este fim de semana em
sua casa, no sul de França, onde se encontrava depois de regressar de uma
digressão no Japão. Este verão, tinha sido obrigado a cancelar atuações devido
a um braço partido, resultante de uma queda.
Ao longo da duradoura carreira musical, Charles
Aznavour gravou mais de mil canções em sete línguas diferentes, refere o jornal
francês Le Firago. Atuou em 94 países e vendeu mais de 100 milhões de discos,
tendo participado como ator em mais de 60 filmes, entre os quais “Disparem
Sobre o Pianista”, do grande realizador francês François Truffaut.
Tendo mantido ao longo da vida reservas sobre a sua
vida pessoal, Aznavour deixou seis filhos. Casou-se por três vezes, mas o
último casamento foi, de longe, o mais duradouro: estava casado com Ulla
Thorsell, com quem teve três filhos, há 50 anos.
A carreira
precoce e a (difícil) ascensão
Filho de imigrantes arménios, Charles herdou do
pai, Michael Aznavour, o talento para o canto. Aznavour cantava em
restaurantes franceses para ganhar a vida e cedo seguiu as pisadas do
progenitor: com apenas nove anos deixou a escola e começou a cantar e tocar
violino com regularidade pelas ruas. Tinha acabado de atingir a maioridade
quando a grande voz feminina da canção francesa, Édith Piaf, o ouviu. Piaf
demorou pouco tempo a levar Aznavour consigo em digressão durante dois anos,
para um conjunto alargado de concertos em França e nos Estados Unidos da
América. Pouco antes, Charles Aznavour tinha-se lançado num duo musical com o compositor
de jazz Pierre Roche.
A sombra de Édith Piaf, contudo, atrasou a afirmação
de Charles Aznavour como cantor. Refere o Le Figaro que, durante vários
anos, Aznavour era na maior parte do tempo motorista, telefonista e técnico de
som e luzes. Ocasionalmente, era chamado a palco por Piaf para apresentar uma
ou outra canção original que tivesse escrito, quase sempre sem grande impacto.
Tanto assim era que Aznavour terá ouvido de Piaf que dificilmente se
tornaria um cantor de vulto.
Enganou-se, por completo.
Aznavour tornou-se um grandioso vocalista da música
francesa e Universal.
In OBSERVADOR. LISBOA.2018
António Pena Gil
(Homenagem)