Sunday, August 19, 2018
Foi Justa A Tareia Que
Lhe Dei.
Recordo…!
Vínhamos em grupo.
Felizes e bem-dispostos. Tudo aconteceu no jardim Diogo Cão, perto da escola S.
Pedro em Vila Real que frequentávamos.
Cantávamos em coro com
uma desfatez e um indecoroso pensamento direcionado a um polícia que
avistávamos lá longe. Levantávamos as vozes em sintonia acriançada, gritando
bem alto: “Solipa! Solipa! Solipa!
Às vezes chamávamos-lhes
de “Fascistas“, sem saber bem a teor e significação da palavra insultuosa que
ela continha.
Não me agradou aquele
tratamento desajustado para com o agente de autoridade e demarquei-me do grupo,
caminhando mais à frente. Os meus amigos chamavam-lhe cada vez com maior
intensidade o chamamento incorreto e desagradável. E, riam-se.
Como me destaquei do
grupo, eu que não emitira um único som, durante todo este tempo, o brioso polícia
interpretou a minha conduta como: “Regendo” esta “Orquestra”.
Entretanto, o polícia
dirigia-se para nós carrancudo e lentamente, parecendo controlar os seus passos
milimetricamente.
De súbito, junto do “trabalho”
onde o meu pai exercia a sua profissão senti agarrarem-me com ímpeto e
determinação. Tratava-se de um agente da autoridade “à paisana”.
O Polícia ofendido na
sua dignidade, caminhava, agora, na nossa direção quase correndo.
Sentia-me frente a
frente com autoridade, mas inocente. Não havia pactuado com a atitude dos meus
amigos.
Não consegui
controlar-me. Atemorizado que me encontrava com a Lei e a autoridade, com o polícia
apressando o passo com intenções de fazer justiça inapelável e prontamente.
Aterrorizado que estava
com o avanço do agente de autoridade e o que ele me podia fazer, tentei
libertar-me. Aos gritos, proferi: - Largue-me! Largue-me! Não fui eu. – Reagi com
impetuosidade e consegui soltar-me.
Peguei no guarda-chuva que possuía e atingiu-o
com ele várias vezes, ao mesmo tempo que invocava a minha inocência. Isto fê-lo
largar-me de imediato.
Corri, então, para o
meu pai que se encontrava na Repartição mesmo ao lado onde este incidente
aconteceu.
Todos me apoiaram.
Os Polícias pediram
desculpa e eu fui para casa, onde mais tarde, o meu pai conversou comigo
civilizadamente e aceitou a minha atitude como justificada.
Ele estava sempre do
meu lado. Sempre estivera. Podia contar com ele. – Constatei com orgulho e
satisfação.
Pelo canto do meu olho
pude observar que sorria para mim, com justiça, orgulho e cumplicidade
grandiosas pelo meu ato de bravura e de masculinidade presentes em mim.
Consegui-a enfrentar o
que quer que fosse. Sem temor. Com arrojo. Com valentia.
Sentia orgulho por mim
e eu por ele.
Foi Justa A Tareia Que Lhe Dei.
Recordo…!
António Pena Gil
Obrigado.