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Saturday, March 24, 2018


Uma “Ata” Escolar Diferente!

Lecionei cerca de 16 anos na Escola de Santa Marta de Penaguião, agora, Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião. Dei-lhe tudo o que possuía e não possuía.
Os meus colegas iam chegando à sala onde ia decorrer a reunião do “Pedagógico”. Eu iria secretariar esta reunião. Estranho. Nunca me davam a fazer atas que deveriam ser objetivas, pois, colocava sempre uma escrita de prosa/poética nela e consoante decorria.
Fazia muito frio. Ninguém tirou os casacos.
A janela daquela sala estava fechada. Lá fora sentia-se o agreste e impetuoso tempo de forma, algo, incomodativa e preocupante.
Deu-se o início do “Pedagógico”. A temperatura ia descendo de intensidade e plenitude.
Ia registando o que os meus colegas opinavam sobre o que se passava na escola e as medidas a encetar, quer para os docentes, quer para os discentes com coerência e sensatez.
A minha prosa/poética ia evoluindo num rascunho que havia tirado do bolso das calças. Iam surgindo e aparecendo tudo naquele espaço com atitudes, opiniões e posturas que eu assentava num papel nada adequado ao que se passava ali. Agia por tópicos. Depois, mais calmamente, “copulá-la-ia” num lugar mais pacato e com maior sossego para não esquecer ou omitir nada ou ninguém que havia registado.
 Todos olhamos a janela com atenção. Lá fora uma imensa tempestade de neve caía com intensidade e abruptamente. Resolvemos terminar a reunião. Seria realizada o mais rapidamente possível com um tempo pacato e aprazível. Agora teríamos de regressar a casa o mais depressa que pudéssemos, pois, a estrada tornava-se perigosa.
Li o “rascunho” da reunião em voz alta e terminei:
Deu-se por concluída a reunião porque lá fora a neve batia na vidraça da janela em flocos maravilhosos e de fascínio. Uma beleza e deslumbre de sensações e emoções de magnificência e de deslumbre.
Todos olharam para mim com simpatia e um rosto sorridente amável e de uma incomum “cumplicidade” e harmonia colocadas na ata de pura poesia aos olhos de todos os meus colegas extraordinários de maravilhar e enternecer.
E, todos fomos embora.
Ninguém tirou aquilo expresso ali.
António Pena Gil