Quando Tempos Atrás Entrei Em “Parafuso” Do Meu Viver!

Recordo com delícia e aprazível ser e sentir tempos atrás.

Não sei como, mas colocaram-me nas minhas mãos os livros magistrais do existencialismo oriundo de notáveis e fabulosos filósofos nascidos em França.

A sua ideologia, rapidamente, se expandiu por todo o mundo literário.

Quando peguei “La Nausée” senti uma deslumbrante e uma determinação de tenacidade na busca de mim. Perante uma genialidade manifesta e preciosa do seu autor extraordinário.

Cometi um erro grandioso. Enquanto o lia senti-me “vestir” todos os seus personagens. Eu era eles todos. Não conseguia sair dali.

A partir daí, “devorei” com autenticidade e verdade o sublime e mágico autor que me tornou muito distante, confuso e em busca da uma realidade que não era aquela. Que não era a minha. Só ambicionava bem-estar e harmonia no que sou.

Por culpa minha “assimilei” os seus pensamentos fabulosos e de excelência de forma errada. Só provocados por mim.

Passei momentos difíceis. Cai num “poço” sem fundo.

Distante de uma sobriedade e de uma lucidez que me “agarrarasse”.

A muito custo “queimei” os livros. “Queimei” o meu procedimento. A minha forma de estar errada no mundo.

Estavam-me a fazer mal. Muito receoso de existir. Com vazios. Com absurdos. Com irrealidade.

Fez-me transformar e transcender num “eu” que não era o meu. Que não pactuava comigo. Com o que sinto e sou.

Tudo passou. Hoje, sou como sou. Atento ao “Planeta”. Feliz por viver e existir nele.

Quando tempos atrás entrei em “parafuso” do meu viver!

É tudo.

Obrigado.

António Pena Gil