Tuesday, September 12, 2017
Criei desabituação à realidade. Desabituei-me da realidade porque
me confunde.
O sonho. O belo sonho tomou-me de assalto.
Fez um golpe de "estado" sonhado.
Perfeito por encantar. Perfeito por despojar a hegemonia que
restava da realidade de mim.
A ferida da realidade que fere não existe mais. Irradiei-a, por
completo, de mim.
Governem-me tudo o que quiserem que me governe, mas sinto-me
estranho. Um estrangeiro de mim.
Que se passa comigo? Não sei nada de mim.
Também ligo pouco. Mas, assusta-me um pouquinho, confesso.
Não governo nada do que sinto. Não governo nada do que digo. Não
governo nada do que penso.
O governo do sonho em que habito há muito, desgovernou-me, mas por
completo.
Será que poderei dar asas ao meu sonho assim? Que sempre foi
assim? Vou perguntar-me. Inquirir-me.
Se eu souber? Infelizmente, não sei nada, Não percebo nada disto.
Que se passa?
Sinceramente, não sei nada de nada. E, se soubesse estranhava.
Talvez, guardasse só para mim.
Fico-me por aqui, mesmo assim.
Gosto? Adoro! Só sei que optei por sonhar. Optei por vivê-lo, o
sonho.
Amá-lo! O mais que puder.
Não magoa.
O resto? Não sei de nada, quanto ao resto.
Resto, de quê?
A realidade?
Encaro-a de frente e movo-lhe uma luta. Constante.
Depois? Sinceramente, não sei! Não irá por certo reagir.
O sonho acalenta-me força.
É mais forte.
António Pena Gil
Sejam felizes, sim?