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Saturday, September 30, 2017


Fui ao Médico!



À volta de dezanove anos que me desliguei da minha saúde e de fazer uns registos clínicos para me inteirar como ela se encontrava.

Há pouco tempo, escassos dias atrás, fiz análises e exames para me inteirar se tudo estava de bem comigo.

Quando fui buscar as análises ia um pouco amedrontado e receoso das “Férias” que encetara num domínio tão importante e pertinente que era saber se tudo estava conforme e desejado do meu estar da saúde.

Entrei no Laboratório e pedi os meus registos de âmbito clínico das análises que efetuara. Surgiu-me pela frente um Enfermeiro simpático e amável, pelo que lhe perguntei se tudo estava bem comigo.

Colocou uma conduta séria e responsável dizendo, após breves instantes que estavam excelentes. Até os “Triglicerídos”, outrora situados no patamar delicado e perigoso dos trezentos, surgia agora nos cento e tal.

Foi uma surpresa extraordinária para mim. Uma alegria imensa de quem não consultava um Especialista do salutar viver e estar há muito tempo.

Regogizei de felicidade e alegria. Tinham passado dozanove anos sem consultar um Médico pelo que a surpresa fora inesperada e de um valor grandioso e gigantesco para mim e para o que sou.

Estava tudo bem.

Faltavam ainda dois exames ao Abdómen. Sim! Estes, importantíssimos.

Dirigi-me à Clínica onde marcara os exames e passei lá uma manhã inteira tirando “chapas” e mais “chapas” para detetar o que se passava com os meus órgãos superiores e inferiores.

Quando estava a fazer estes Exames surgiu-me uma Médica Pneumologista maravilhosa e doce, minha conhecida de há muito. A sua mãe fora minha colega de profissão. Majestosa e sempre sincera e agradável de conviver com ela.

Tudo estava bem. Fígado. Vesícula. Rins. Coração. Pâncreas. Tudo!

Apenas, ficamos aflitos com um “Derrame Pleural” nos Pulmões. Uma “mancha escura” era visível neles.

Prontamente, fez uma “chapa” torácica que a detetou. Havia que descobrir a sua origem. De imediato.

Ao outro dia fui buscar de urgência os Exames e marquei uma consulta na especialidade de Pneumologia.

Os outros exames iria buscá-los passados dez dias.

A Médica da Especialidade que conhecia viu tudo ao pormenor e escreveu uma Carta ao seu colega Médico no Hospital. Ela não podia ir porque iria fazer uma intervenção cirúrgica em Coimbra ao coração. Quando regressasse telefonar-me-ia.

Assim, foi.

Ao outro dia fui ao Hospital preocupado e, ainda a escrever a ficha para ser observado, já chamavam por mim no imperceptível altifalante defeituoso e sem se ouvir bem. Não sei como, eu ouvi.

Deixei de a preencher e “corri” porta adentro de Entrada no Hospital. Já me esperavam e colocaram-me uma “ficha verde” no pulso. Nunca soube o que queria significar?

De imediato fizeram-me análises ao sangue.

Surgiu-me uma jovem Médica Pneumologista em Estágio naquele “Centro de Saúde”que podia ser minha filha que me explicou que teria de esperar pelos resultados efetuados e, ainda, tirar um pouco de “líquido” que existia e “povoava” os meus Pulmões. Disse-me, que era muito importante detectar a causa do “Derrame”?

Esperei, sempre que possível com a simpatia e amabilidade da médica e, esta, finalmente, conduziu-me a uma sala onde iria tirar a “amostra” do “líquido” existente nos meus pulmões.

Sentei-me de costas para ela.

Entretanto, o Médico/Pneumologista a quem a Médica da Especialidade, minha amiga e, ainda, minha familiar havia escrito a “Carta de Recomendação” a meu respeito, veio falar comigo.

Foi imensamente simpático e com uma amabilidade dignas de registo e ovação.

Disse-lhes que aquelas “Doutorinhas” e aqueles “Doutorinhos” em Estágio podiam, perfeitamente, ser meus filhos.

Eu, jamais podia chamar-lhes Doutores e Doutoras. Não conseguia, mesmo tentando muito. Talvez, “meninas” e “meninos”. O Médico sorriu e concordou, em pleno e totalmente, comigo e com o meu estar ali.

Atento a tudo. Atento a todos.

Disse-me que sim. Era assim mesmo como lhe dizia. E, foi embora despedindo-se de mim com cortesia e em atitude marcante de que tudo corresse bem comigo. Ele faria tudo por mim.

Agradeci, sensibilizado.

Quando um dos “Meninos” sorridente e pleno de satisfação ao pé das “Doutorinhas” olhou os meus pulmões, disse a bom som: -  “Isto” é tudo líquido!

De imediato, foi repreendido pelo comentário, a pensarem no que eu sentiria ao ouvir aquilo? Eu era um Ser Humano, “Menininho Atrevido”? Se fosses tu que estivesses ali? Já pensaste “nisso”?

Embuído de tristeza e desencanto fiz o Exame e a Senhora Doutora que me acompanhava sorriu para mim, registou os números de telefone para onde nos contactar e mandou-nos, com apreço e simpatia, regressar a casa, pois deveríamos estar exaustos.

Agradeci-lhe imenso e disse que iria buscar na Segunda-Feira próxima os outros Exames que poderiam dar “pistas” para o problema detectado.

Disse-lhe que talvez facilitasse a descoberta para a causa do “derrame” detectado.

Quando é que nos Cursos de Medicina introduzem a componente necessária e urgente de Psicologia? É imperioso e imprescindível, sabem? Que teriam feito ao ouvir o que eu ouvi? Que sentiriam o que eu senti?

Um pouco mais de cuidado, sim, “Meninos”. Somos Seres Humanos como vós, sabiam? Pessoas…

As Psicologia talvez os ajudassem a respeitar o próximo?

É, apenas, uma ideia de uma pessoa doente.

Em que acredita no civismo e respeito plenos e totais.

Nada mais.



António Pena Gil



Sejam felizes, sim?