Thursday, April 26, 2018
Quando
A Minha Avó “Partiu” Senti Uma Enorme Tristeza.
A
minha família era feita de Marias. Maria Relvas, Maria Natália, Maria Pena.
Havia
mais, mas a lembrança delas “é-me fugidia” do pensamento porque eu era uma
criança. De escassa idade.
Relembro
a sala da minha avó. Era grandiosa. Encontrava-se dividida. Constavam uma mesa
grandiosa e numa outra “salinha”, mesmo ao lado e adornada de janelas
interiores com vidros onde a minha avó se acomodava e podia visualizar o que se
passava no seu exterior.
Com
saudades relembro-me, rastejando, “pregado” ao solo para ir às bolachas sem ela
se aperceber.
Ouvia
barulho do nosso peito movimentando-se no chão da sala e proclamava: - Aí há “ratos.”
E, sorria para o seu interior maravilhoso e terno.
“Isso”
não nos dissuadia de continuar na nossa busca e em lugar calmo comer as
bolachas, sem parar e sem a presença dela.
Outra
“coisa” que me relembra passava-se na sala onde a minha avó se encontrava. Contávamos
os carros, anotávamos os seus nomes e a matrícula que passavam na grandiosa
avenida vista daquela janela.
Fazíamos
a missão dos “cantoneiros”, lembram-se?
Se
a polícia ou outra entidade de autoridade nos perguntassem, sabíamos tudo. Tudo
mesmo.
Relembro-me
de mais “coisas”, mas essas fazem parte do memorial familiar impossíveis de divulgação.
São pessoais e intransmissíveis.
Como
adorava aquela avó? Era “cúmplice” em tudo connosco e existia e vivia nessa cumplicidade
com alegria e bem-estar para connosco.
Sentia-se
bem. Agradavelmente.
Quando
A Minha Avó “Partiu” Senti Uma Enorme Tristeza.
Fico-me
sempre retida no meu pensamento e no meu olhar
Que
saudades avó.
António
Pena Gil
Obrigado.