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Saturday, October 07, 2017


Sinto Um “Arrepio” de Medo Na Noite Escura!



Estou só. Eu e esta “máquina” escura feita de teclas alvas. Em que me refugio.

Apago, por instantes a luz e acendo. Sinto pavor. Sinto temor. Sinto medo. Sim! À noite.

Está um escuro avassalador que me causa medo. Estou frágil. Estou preocupado. Estou com um pavor imenso.

Sinto -me angustiado em viver. Sim! Neste preciso instante escuro.

Tenho um imenso pavor ao escuro.

Desorienta-me. Provoca-me náuseas de pânico. A minha mente agita-se. Move-se. Viro o pescoço que range. Para todo o lado. Sem nexo. As minhas mãos tremem. A minha gasta e insuportável cabeça que só pensa, desilude-me. Desgasta-me. Descontextualiza-se. Entra noite adentro. Perde-se. No tempo. No espaço.

Que hei-de fazer, meu Deus?

Nada se movimenta. Está tudo feito estátua. Parado.

Olho. Com atenção. Onde “mora” o “Colo” doce. Protector. Do afago de Deus?

Estou só.

O meu filho saiu. Não! Não é usual. Se, ao menos, ele viesse agora?

Tenho medo.

A minha fragilidade vive momentos de intensa e plena dor. Já não me refugio em mim. No que sou. Estou sem forças. Sem vontade de existir. Sem vontade de ser eu.

Se ao menos ele viesse?

Nem tenho forças para ver as horas. Os relógios não deviam ter ponteiros. Ou os relógios digitais deviam todos parar.

O que vale é que eu há dezanove anos que não fui ao médico e tirei umas análises de sonho. Excelentes. De um adolescente de dezanove anos. Nem queria acreditar, sabem? Vivia mesmo efusivo. Feliz. Eufórico.

Penso que não vou morrer cedo. Por outro lado, eu que estava feliz e agradado, tirei uma “chapa” ao abdómen que indicava um “Derrame Pleural”. Tinha de ser tratado. O líquido foi dado para analisar em exames que efectuei no Hospital. Fizeram uma “pica” no local e foi para analisar. Está a ser uma análise longa. Ainda não recebi o resultado. Ainda não recebi o contacto deles.

E, isso, faz-me ainda mais mal. Esta espera exaspera-me. Irrita-me. Desfaz-me. Disseca-me. Mata-me.



Tenho medo.

Tenho medo à noite em que tudo para. Tenho medo ao escuro. Quando era da geração dos pequeninos tinha uma sala escura só para pensar. Só pensar. Era escura. “Sentia” escura.

Também não vou ligar a televisão que iria acordar toda a gente. Os maldizerem “choviam” sem parar.

Caramba. Por que não fiquei na cama, embora acordado. De olhos atentos, mas acompanhados. E, com companhia terna e de excelência.

Jurei nunca estar em pé à noite. Tremo. As minhas mãos tremem. O meu corpo treme. O meu coração no peito não vai falhar. De certeza. Estava tudo bem com ele, após análise torácica bem sucedida.

Atrapalho-me por vos incomodar. Por certo, não estará ninguém aqui. Precisava de sair daqui. Sim! Da noite. Escura. Preta. Negra.

Tenho medo.

Vivo em pânico total. Choro. Choro. Choro. Choro sem parar. Afinal, só cometo asneiras. Irrecuperáveis. Marcantes. Importantes.

Só sei dizer: Tenho muito medo!

António Pena Gil

Sejam felizes, sim?