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Campanha do Agasalho 2009

Wednesday, May 02, 2018


Uma Divagação Incaracterística!

Entro no café. A esta hora do dia repleto de rostos vazios que se entrechocam no olhar. Sem conhecimento mútuo. As alvas paredes aconchegam-me de afeto. Parecem abraçar-me. Parecem falar. Já os olhares são distantes. Vazios. Os gestos estereotipados de sempre. O pensamento longe dali.
Parecem descortinar um Mundo. Um Mundo que também é o meu. Sento-me numa tosca mesa. O meu lugar aqui, parece-me preenchido. Gente que entra. Gente que sai. É o ritmo habitual de todos os dias.
As moscas vagueiam ao acaso. Poisam aqui e ali. Insuportáveis, mas presentes. Invitalmente presentes. Querem persistir. “Respirar” a sua incómoda presença. Peço um café com afabilidade.
A empregada recebe a notícia com indiferença. Não era de esperar outra coisa. Vive a sua desconhecida vida. Não quer saber quem sou. E, estou lá. Estou a ocupar um lugar. Aconchegado ao meu pensamento. “Carregado” de sentimentos de sempre. Mas, também não entro no “jogo” inconveniente da desconhecida. Ignoro-a.
Estou vivo. Vivo, porque Ele me concede. Por Ele me deixar viver a vida. Está de bem comigo e pelo que sou. Também não sou uma pessoa que O incomode. Que O incomode na Sua grandiosidade. Não sou “dado” a falas. “Sou”, apenas, não se esqueçam? Há olhares de todos os géneros e feitios. Pessoas de vidas diferentes.
Sinto uma conversa aqui e outra ali. Várias conversas desinteressadas. “Enterro-me” em mim, por persistirem no ritual complexo da minha existência.
Enfim, “assimilei” o lugar onde me sento. Tomei o café! Digeri-o com tranquilidade e sossegadamente.
Depois? Depois, “transportei-me” imiscuído do meu eterno sonhar, para fora dali.
“Transportei-me” em sonhos nesta Divagação Incaracterística! Nesta “divagação” permanente.
Está bem assim?

António Pena Gil
Obrigado.
Gosto muito de vós.