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Campanha do Agasalho 2009

Tuesday, November 28, 2017







É uma hora da manhã. Está uma noite fria e de invernia que não a sinto.

Não sinto nada!

Sinto que não sinto nada!

Pela janela do espaço que ocupo entra uma luz difusa amarelada, que o enche. Conquista. Faz-me companhia!

Aconchego-me na tosca cadeira que me ampara. Ampara-me quando decido que deve exercitar a sua função de amparo. De aconchego. Em momentos eternos aprazíveis.


Debruço-me sobre o pensamento. Exijo que ele me faça o retrato do dia que passou. O balanço do dia vivido, com fidelidade, sem me mentir. De forma amiga. Repleto de cumplicidade.


Gosto de falar com a vida. Observá-la com dedicação em pensamentos. Pensar com o pensamento na vida. Um pensamento sincero. Aberto. Digno. Verdadeiro.

Fui à escola.

Não vi ninguém!

Qual a razão?

Não havia crianças! As suas marcas estavam lá! Eram visíveis! Um silêncio inquietante, por todo o lado, comprovava-o.

Fiz o que tinha a fazer e depois, fugi. Apressadamente.

Sem elas, a minha presença era dispensável. Decididamente dispensável.

Não veio ninguém atrás de mim.

Quando cheguei a casa senti um alívio. Estavam os meus dois filhos!

E, isso, é bom. Bom demais.


Sosseguei-me. Sosseguei a vida. Sosseguei o pensamento.

Depois?

Senti uma felicidade enorme. Reconfortante.

Afinal, aqui, podia manter bem viva a chama de vida e o desejo de pensar.


Senti-me, então, Bem!



Senti-me Muito bem!

António Pena Gil - Dezembro de 2006