Saturday, August 19, 2017
Soçobro
Querido Diário, não gosto das atitudes do vil e mau Sr.
Gonçalves.
Já nada me diz a menina dos adoçantes. Que seja feliz.
Quando se entra numa certa idade deveria ser-se simpático,
afável e um ser humano bom e perfeito de amabilidade.
O Sr. Gonçalves é o oposto disto. Maltrata. Fere. Magoa no
que profere com gozo e maldade presentes em si.
Blasfema e insulta-me constante e diversas vezes. Tem o poder
de ser o centro de atenções que solicita para ele.
Sabes, adorável Diário, uma vez passou por mim e disse: Se
você morresse não se perdia nada. Fiquei emerso de tristeza e desencanto pelo
imenso que fiz por ele.
Fiz um esforço em não ripostar ou responder ao insulto feio e
desumano dele.
É o dono da casa. Assumi-o, normalmente, numa casa que é minha.
Às vezes, costumo ir à sala onde se encontra e ele ri e goza
sarcástica e ferozmente para mim.
Diz muitas grosserias. Diz muitos disparates que só ele
consegue, numa falta de educação, respeito e civismo que desconhece ou irradia
de si. Interessa é ferir-me.
Humilhar-me. Levar a minha conduta ao caos e desespero humanos
A minha doce e maravilhosa cara-metade diz-me para ignorar,
não ligar. Sempre foi assim, diz-me.
Ultimamente, temos encetado uma luta feroz com os “estores”
da sala de Jantar. Abre todos e à noite não os fecha. Espera que eu tenho
obrigação e o dever de fazê-lo. Como para ele não presto nada de nada, ao menos
que deixe os “estores” como ele deseja. Como sabe que eu os fecho, contrariado,
mas presente, nem liga e vai ressonar para o seu quarto com uma cara
carrancuda, horrível malparada de raiva iníqua, incompreensível e sem
explicações para a sua conduta vil e desumana para comigo.
Esqueceu-se que vive na minha casa. Que é minha.
Raramente abro a boca às suas atitudes terríveis. Só quero
que a minha cara-metade seja feliz comigo. Só isto. E, isto, é grandioso como
prova de amor de há muito. Ela não sabe disto. Consegui passar sem ela dar
conta ou aperceber-se. Ficaria prostrada e de mal com o mundo. E, isso, eu não
lhe desejo. De forma alguma.
É, e foi, tudo de agradável e extraordinário para comigo.
É preciosa e pertinente o seu imenso valor e importância que
dá à vida. À sua vida. E, também, à
nossa vida comum.
Pronto. Sim, Diário majestoso e digno. É tudo.
Sempre a gostar de ti.
Sempre a gostar do Bom Deus.
Sejam felizes, sim, amigos admiráveis e fantásticos?
António Pena Gil