Adorável Diário:
Já tive um Diário para os meus registos da Educação; outro Diário de Cidadão e, agora este que se adapta ao meu Exclusivo pensamento.
Ainda desprovido de sentimentos chamei-o. Falei-lhe da minha preocupação com o Senhor Gonçalves metido na capa de idade por volta dos oitenta e tais anos.
Falei-lhe da menina do adoçante quando e depois do “morticínio” do espartame que já não me diz nada como “criminosa” por razão do adoçante. Da magia do café. Tomado àquelas horas do alvorecer sabia a ouro.
Era sempre o primeiro a tomá-lo. Falo-te também da minha ansiedade perante o que vivo. É que já estou mais para lá do que para cá. Os meus sonhos nunca poderão ser concretizados. Também eram um ou dois, somente.
Mas, eram sonhos.
Penso que não se deve “tocar” neles porque são sigilosos e mágicos. Misteriosos.
Sentei-me. Rodeei a cabeça com a mão e preocupei o meu Diário de uma vida. Questionou-me se estava bem? Respondi-lhe de pronto: Sim, obrigado. Está tudo bem.
Sabes, Diário de uma vida: vais ter uma vida longa!
Eu limito-me a sobreviver. Nada mais. Não consigo discernir se bem ou mal?
Costumo ter sonhos bons. E, penso neles de vez em quando. Mas, não devia pensar. Trazem-me desgostos. Adversidades por serem tão exigentes com eles.
Enfim, tratarei de viver na sombra deles e com eles. Obrigado, doce Diário, foste a minha companhia de hoje. Adoro-te imenso.
Fechei-o, sem antes desejar ao meu adorado Diário bom descanso e que continuarei sempre a escrever.
A vida é assim.
Sejam felizes, está bem?
António Pena Gil