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Wednesday, May 25, 2011

Recordações de Infância: O atropelamento inevitável de que fui alvo!

Recordações de Infância: O atropelamento inevitável de que fui alvo!


   Na minha turbulenta infância tudo corria mal para mim. Fui atropelado! Atropelado por um respeitador cidadão que conduzia muito bem. Não estou a brincar conduzia mesmo muito bem! Tudo ocorreu quando o crepúsculo se punha já no horizonte.

   Ocorreu, mesmo defronte da enorme janela de casa da minha avó, na Avenida Marginal que serpenteava e dava cor à cidade de Vila Real. Dali divisava-se o rio lá ao fundo, as suas margens e a ponte de ferro. Aquela janela tinha servido para nas tardes sossegadas de Verão contarmos os carros que passavam e anotar as suas marcas e as suas matrículas. Verdadeiramente só sei que era ali que passávamos grande parte do nosso tempo, ainda por cima com a aprovação sincera da minha avó Maria que se embrenhava nas malhas, nas lãs ou nos novelos. Talvez pensasse que assim lhe daríamos alguma tranquilidade e paz de espírito.
   Olhava-nos demoradamente por cima dos óculos, sorria e aprovava. Penso que gostava de ver-nos por perto, sobre a sua alçada protectora e, inequivocamente, atenta à nossa traquinice e inquieta conduta. Por vezes desconfiava e inquiria-se se a nossa postura não esconderia alguma doença digna de cuidados médicos. Mas, não! Estávamos bem de saúde, com uma saúde de ferro.


   As preocupações e desconfianças da minha avó eram bem justificadas. Ela tinha razão nas suas dúvidas quanto ao nosso comportamento.
   Foi dali que a minha avó presenciou o meu atropelamento nesse dia das nossas rotineiras e normais brincadeiras, em pleno asfalto do passeio da Avenida Marginal,
  
   De súbito, perdi a calma, eu que a tinha até em demasia e atravessei a estrada a correr sem antes observar se o podia fazer. Foi o suficiente! Um automóvel que circulava de forma atenta e prudente e passava ali, “pum”! Acertou-me em cheio. Voei uns dez metros pelo ar e aterrei no alcatrão, sem contemplações.
   Levantei-me e vislumbrei a minha avó reclamando uma ambulância e acenando uns gestos esquisitos que me pareceram de alguém totalmente em pânico. Desorientado.

   Não conseguia parar de gesticular freneticamente apelando e ordenando a todos por auxílio imediato. Quando me levaram para casa da minha avó pelo meu pé telefonaram, incomodaram o meu pai, entretido a jogar dominó no saudoso café Excelsior, Lá apareceu embebido na sua calma e boa disposição para me levar ao hospital. O condutor do automóvel que ia para Aveiro é que estava inconsolável, honesto e humano que era e isento de culpa. Meu pai compreendeu de imediato a sua preocupação e calmamente, como era seu hábito, disse-lhe que não tinha culpa.
   
   Meu pai, que era um bom pai acercou-se de mim, pegou-me ao colo, meteu-me no carro e levou-me para o hospital, sempre sorrindo e animando-me com convicção que felizmente, não acontecera nada de grave. Meu pai compreendia-me totalmente! Não sei se queria regressar ao dominó, mas penso que não.
  
   No hospital fui observado, tendo os médicos diagnosticado que eu não sofrera traumatismos graves.
   Apenas de algum repouso e uma semana de restabelecimento na cama. Era o que eu queria ouvir! Uma semana sem ir à escola!
   Fui para casa.

   No dia seguinte, quando acordei doía-me tudo. Permaneci deitado o dia todo, blasfemando incongruências sobre o meu estado e constatando que afinal não era lá muito agradável permanecer deitado ali durante aquele período de tempo todo.

   Nisto, bateram à porta. Era o Carvalhinho de Matos Torres. Eu tratava-o assim. Tratava-o sempre assim, pelo seu nome todo. Trazia chocolates, doces, pastilhas elásticas e tudo o mais que comprara para me presentear.
  
   O Carvalhinho de Matos Torres seria a minha vítima!

   Escolhi-o porque estava doente e apesar das melhoras decidi que estava muito doente. Se o que ele me trazia era porque estava muito enfermo, então, o meu restabelecimento duraria não uma semana, mas duas. Todos os dias me levava doces, bolos e chocolates e me perguntava se estava melhor, ao que eu respondia que ainda sofria muito e que aquilo tudo que ele me levava ajudava bastante na minha convalescença.

   Foi, então que a minha mãe detectou a farsa e o meu desplante face ao Carvalhinho de Matos Torres.
  
   Proibiu-lhe a entrada em nossa casa com determinação e.”enxotou-me” em direcção à escola. Tinha terminado a minha doença! Tinha terminado o meu sofrimento!
   Sempre admirado e, incompreendido pela atitude e pelo gesto de minha mãe, pedi desculpa ao meu bom amigo e jurei nunca mais brincar com as doenças e portar-me bem em relação ao estado de saúde das pessoas.

   Tinha aprendido a lição na sua total e íntegra plenitude!


Pena.
25.05.2011


Oxalá se lerem gostem?
Foi a pensar em Vocês.
Bem-Hajam, pela simpatia constante.
MUITO OBRIGADO!
São Perfeitos (as) e Fabulosos (as)! Todos VOCÊS!
Estou Fascinado.

Peço Desculpa sem culpa nenhuma, amigos visitantes.
Aliado a problemas do foro pessoal, os vossos preciosos comentários não “saíam”, daí optar por escondê-los. Sei que entenderão, não me era possível mostrá-los por um vírus grandioso no E-mail de suporte ao blogue.
Com a minha explicação espero que entendam.
Não tive culpa.
Agora parece tudo ter regressado ao normal.
Irei responder com todo o gosto como sempre o fiz.
Bem-Hajam, pelo vosso encanto e ternura.
Sempre a estimá-los e a respeitá-los imenso.

pena

Friday, May 13, 2011

Por vezes esqueço-me de mim próprio

Por vezes esqueço-me de mim próprio


Por vezes esqueço-me de mim próprio. Tenho frio e tenho calor. Visto camisolas sobre camisolas e dispo camisolas e camisolas. Nunca estou acomodado e governado para estar bem. Torna-se constrangedor. Torna-se incómodo. Possuo muitas pessoas na minha cabeça. Pessoas! Sim! Pessoas. Isso mesmo, seres humanos! Estão dentro do que eu sou. Estão dentro do que eu penso. Aquietadas. Sofredoras.

Gente de bem. Portadora de sonhos belos, deslocados, de bem e de mal com o mundo. Gente sonhadora. Nunca os esqueço. Preenchem-me totalmente. Habitam alojadas no meu pensamento. Respeito-as. Deixo-as divagar em silêncio pelo que eu sou, porque me enternecem. Passeiam de forma livre. Se não as possuísse guardadas em mim, alguém as guardaria. Sim! Tenho a certeza absoluta.

O vazio da vida que existe em mim, na lembrança e na memória delas, não faria sentido nenhum se não as amasse. Reconfortam-me e eu reconforto-as com toda a ânsia de as auxiliar, de as ajudar. Como se precisassem de ajuda? O nada far-me-ia esquecer de mim.
Por que habitam em mim? Não sei. Desconheço. Talvez, se sintam confortáveis e seguras porque as trato convenientemente. Com carinho e amor. Sim! Desmedidos. Intensamente! São preciosos.


São parecidas comigo. Estão em mim construídas. Moram em mim, no meu cérebro, sempre repleto. Não faço a reciclagem do pensamento delas. Nem do meu. Estão diluídas no tempo que percorro. Falam comigo num sussurro destemido por ser autêntico, verdadeiro, sincero. São inúmeras. São muitas. Grandes e pequenas. Convivem entre elas e em mim. Damos a mão reciprocamente porque existe entendimento entre nós, no sossego da dialéctica irreal do sonho.

São afáveis e correctas. Portam-se bem como as crianças. E as crianças têm um valor inqualificável.


Depositam-me o seu pensamento sem cessar. Pensam! Existem! Permanecem vivas porque estão alojadas. Mimadas, porque merecem. Lado a lado. Com ideias.Com a magia da poesia, do sonho, existentes nelas que não permitem usurpá-los, porque lhes pertence.


São perfeitas num mundo imperfeito. Contudo, agradam-me e é com prazer que as deixo habitarem-me. Bem resguardadas e acomodadas. São como uma família, unida e indivisível em mim. Agarram-se a mim com fervor.


Acreditam que construir sonhos é bom, maravilhoso, único. E, podem contar comigo. Preservá-las-ei enquanto puder e tiver forças! Enquanto existir!


Por vezes esqueço-me de mim próprio!


Pena


MUITO OBRIGADO pela vossa constante simpatia e amabilidade comigo.
Agradeço reconhecido de sinceridade.
Oxalá gostem?
Bem-Hajam.
Gosto imenso de vós.
Amigos:
Não sei o que aconteceu?
Alguns comentários desapareceram, assim, como este Post.
De novo vou “postá-lo”. Farão dele o que entenderem, está bem?
Desculpem, sem culpa.
Serão sempre preciosos para mim.
Se for um fim, será.
Até SEMPRE!